sábado, 21 de março de 2009

Movimentos Sociais x Crise

RELATORIO SUSCINTO DO SEMINARIO NACIONAL PARA DEBATER A CRISE
CONVOCADO PELOS MOVIMENTOS SOCIAIS ARTICULADOS NA ASSEMBLEIA POPULAR


Data: 14 e 15 de março de 2009
Local: Escola Nacional Florestan Fernandes
Presentes: 35 movimentos sociais e centrais sindicais, 88 dirigentes, a nível nacional e dos estados de Rio grande do sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do sul, DF, Goiás, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará.

SINTESE DOS DEBATES E ENCAMINHAMENTOS
SOBRE A NATUREZA DA CRISE QUE ESTAMOS VIVENDO.

-Há diferentes enfoques sobre sua natureza, mas todos concordam que é uma crise estrutural, sistêmica, que atinge a produção, as finanças, o comercio, o meio ambiente, e o modo de vida consumista proposta pelo capitalismo.
-Nesse sentido será uma crise profunda, prolongada e a nível internacional.

SOBRE AS CONSEQUENCIAS DA CRISE
- Há muitas hipóteses, poucas certezas, mas todos concordam que as suas conseqüências sociais serão graves. E Recairão sobre todo o povo brasileiro. E os mais atingidos serão os trabalhadores, as mulheres e as população com menor proteção de direitos sociais e de seguridade.
- Podemos nos questionar agora, o que acontecerá com as conseqüências da crise num contexto histórico em que 80% da população mundial vive nas cidades e por tanto estará mais à mercê das conseqüências da crise? (Na crise de 1929-45 a maioria da população estava no campo).

SOBRE AS TATICAS POLITICAS DA CLASSE DOMINANTE: OS CAPITALISTAS
3.1. Estão construindo um discurso para gerar hegemonia de que a crise é de todos, que não tem culpados. E por tanto, todos devem dar sua quota de sacrifício.
3.2. Vão usar todas as medidas clássicas que o capitalismo sempre usou para sair das crises: desemprego, aumento da exploração dos trabalhadores, destruição do capital acumulado, conflitos bélicos para destruir capital; transferência de riqueza da periferia para o centro, etc.
3.3. Vão aumentar a ofensiva sobre os recursos naturais brasileiros, para se apropriar, privatizar as riquezas que hoje são publicas, como a terra, água, energia, instalar hidrelétricas na Amazônia, minérios e biodiversidade.
3.4. Vão apelar para o estado, pois ele tem maior capacidade de reunir, juntar a mais valia social (a poupança nacional,) recolher de toda população na forma de impostos, depósitos avista, depósitos nas cadernetas de poupança e repassar aos capitalistas e bancos para socorrer suas empresas, com dinheiro do povo. Depois que se escaparem, vão desdenhar o estado de novo.
3.5. As saídas que estão sempre apresentadas pelos governos e pelos empresários não vão resolver os problemas da crise do capitalismo. No máximo vai aumentar os problemas da classe trabalhadora.
3.6. Vai aumentar a criminalização a todos os que lutarem contra a crise, (como já estão fazendo com MST, com outros movimentos no rio, professores, com os policiais militares de SC, etc ); para isso estão usando já: a) O poder judiciário
b) A imprensa burguesa
c) A repressão policial
SOBRE A SITUAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA BRASILEIRA
4.1. Há uma crise na esquerda que tem suas características ideológicas e organizativas, que está afetando a possibilidade de organizar a classe trabalhadora.
4.2. Poucos movimentos e organizações estão fazendo trabalho de base. E sem trabalho de base é impossível conscientizar, organizar e motivar as massas.
4.3. É difícil construir a unidade entre todas as forças populares. Mas não devemos colocar a unidade como panacéia, solução para todos nossas dificuldades organizativas. Precisamos antes construir ações concretas de massa, para ir construindo a unidade na marcha da luta. A unidade necessária é aquela que vá acumulando força de massa organizada. Muitas vezes nos iludimos que unidade é fazer reunião de dirigentes. Unidade é para juntar mais gente, mais força.
4.4. Palavra de ordem. Nos falta uma palavra de ordem que consiga expressar toda indignação contra a crise. Por isso devemos ir construindo uma palavra de ordem, do tipo “ Que os ricos paguem a crise!” “ O Povo não pode pagar a conta da crise.”. Etc. Esse é um desafio que devemos ir pensando e construindo.
4.5. Há uma dificuldade de entendimento sobre a natureza dos programas para enfrentar a crise.
a) Nosso horizonte estratégico de longo prazo é o socialismo. Sabemos que somente a superação das perversidades do modo de produção capitalista é que poderemos construir sociedades mais justas e igualitárias. Mas o Socialismo não é um ato de vontade, nem apenas de palavra de ordem. Sua construção depende da correlação de forças. Ou seja da classe trabalhadora ir construir força autônoma, em capacidade e em ideologia. E aqui no Brasil estamos em uma condição muito adversa ainda.
b) Precisamos de um programa de médio prazo. Há ainda uma pequena confusão, pois muitos de nós levantam o programa socialista como se estivesse na ordem do dia. Já os movimentos que atuam na assembléia popular, nos constituímos construindo a proposta de um programa popular para o Brasil. Que está expresso na cartilha O Brasil que queremos. Mas essas diferenças não são fundamentais agora. Não precisamos transforma-las em divergências.
c) A necessidade de uma Plataforma imediata que oriente as lutas.
Sobre essa necessidade temos construído unitária duas referencias. A carta dos movimentos sociais brasileiros, construída por 67 organizações e entregue ao governo brasileiro dia 18 de novembro de 2008. E a plataforma tirada na assembléia mundial dos movimentos sociais dia 30 de janeiro de 2009, em Belém.


Este foi de deverá ser um passo importante para conoseguirmos avançar em meio ao caos, nos momentos de crise é que temos disposição de luta e vamos construir novos caminhos que só se constroem caminhando.

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