sexta-feira, 19 de abril de 2013

UMA BIOGRAFIA QUE RECEBI DE PRESENTE

Elizabeth de Almeida Silva, 
entre a utopia e a realidade 

Hon-Fu ,um Filosofo chinês nascido no século V a.C dizia sempre aos seus alunos ,que as pessoas se tornam especiais nos lugares e dos corações onde menos imaginam .Uma vez que não somos amados por aqueles que desejamos ,mas pelos que nos valorizam.
Este pensamento budista milenar que sobreviveu a evolução da própria filosofia oriental sintetiza em sua profundidade, a história de uma amiga que a muito sinto a necessidade de homenageá-la.

Elisabeth de Almeida, mais conhecida popularmente como irmã Bethe é natural do município de Leopoldina, Minas Gerais, mas viveu um período de sua vida em São Paulo . Nesta cidade casou-se teve dois filhos,  trabalhou por um tempo como bancária e filiou –se ao partido dos Trabalhadores .
Muito sensível ao sofrimento alheio, Bethe desde a juventude participou de projetos sociais e muitas vezes teve que deixar os filhos aos cuidados de amigos e parentes para cumprir a sua jornada como voluntária .
As suas criticas as desigualdades sociais motivaram-na a cursar Direito e ser mais atuante no partido. 
Mas as decepções que sofreu ao longo de sua jornada, seja como o seu marido e os seus companheiros de luta, os camaradas, levaram-na a buscar na fé, forças para recomeçar .

A sua persistência em amparar e acolher o outro contribuíram para que ela alcançasse o caminho mais bonito, que no Budismo denominamos como o estado holístico .É uma virtude que poucos, pouquíssimas pessoas desenvolvem ,a compreensão e amor ao próximo de forma incondicional .

A educação prisional é o elemento holístico na vida desta guerreira,  que durante anos reivindicou as comissões de Direitos Humanos, aos representantes dos três poderes, um projeto educacional na unidade de Cataguases.

Neste local, suportando as adversidades politicas e ambientais impostas por aqueles que não percebem que juridicamente, mesmo acautelado, o preso possui direitos, ela plantou as primeiras sementes de uma educação humanística.
Atualmente, o projeto encontra –se estruturado sendo administrado pela Secretaria de educação mineira, mas a escola ficou sem cor, pois irmã Bethe nos deixou e sua presença alegre e divertida irradiava na aura espiritual com vários feixe de cores.

Não há um cartaz na escola que mencione a sua jornada ,mas no meu coração e dos alunos que sempre hão de amá-la , ela estará bem guardada no centro da nossa memoria permanente ,pois suas lembranças fazem nos acreditar, que o Brasil será um dia a nação arco íris, como Mandela desejou transformar a África do Sul.

Atualmente, Elisabeth continua na educação prisional na cidade de Leopoldina e atuando como tutora presencial deste curso,Multimeios didáticos pelo IFET de Juiz de fora entre outras atividades.

Luciana Nazar

Luciana obrigada pela sua sensibilidade e grande carinho que sempre demonstrou  com os projetos sociais e com seus colegas de trabalho.
Voce é muito especial aprendi a amar ainda mais a educação e trilhar novos caminhos te vendo caminhar, voce é daquelas mestras que aluno jamais esquece pela sua coerencia e senso de amor e justiça. 
Estou publicando porque fiquei encantada, não sabia que voce sabia tanto de mim. 
Isso aumenta ainda mais a minha responsabilidade.  
Deus seja louvado pela sua vida.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Nota de Esclarecimento e Repúdio Quanto a Suposta Maldição sobre Negros e Africanos

A Aliança Evangélica vem a público para repudiar o uso inadequado das Escrituras Sagradas, a Bíblia, juntamente com as interpretações e afirmações daí decorrentes, especificamente as feitas quanto a supostas maldições existentes sobre africanos e negros.

Afirmações desta natureza são fruto de leitura mal feita de parágrafos bíblicos, tomados fora do seu contexto literário e teológico, que acabam por colaborar com os interesses de justificar pensamentos e práticas abusivas, contrárias ao espírito da Palavra de Deus, cujo foco está na Justiça, na Libertação e na promoção da Vida e Dignidade Humana.
O texto em questão, que tem servido de pretexto para declarações insustentáveis, tanto em púlpitos, redes sociais, na tribuna do Parlamento e até protocoladas junto à Justiça Federal, sob o manto da imunidade parlamentar, versa sobre o significado da passagem bíblica encontrada no Livro de Gênesis capítulo 9, versos 20 a 27.
Nessa passagem Noé, embriagado, despe-se e assim é surpreendido por seu filho Cam que, ao invés de manter a discrição e o respeito devidos ao pai, o anuncia aos seus irmãos; estes se recusam a ver o pai nesse estado e, sem olhar para ele, cobrem-no com uma manta. Desperto Noé, ao saber da postura de seu filho Cam, amaldiçoa seu neto Canaã, filho de Cam, destinando-lhe a servidão.
O equívoco em questão dá a entender que a maldição proferida pelo patriarca bíblico contra Canaã, seu neto e filho de Cam, atinge os seres humanos de tez negra que habitaram, originariamente, o continente africano, o que explicaria os vários infortúnios em sua história passada e presente, culminando no longo período em que foram feitos escravos no Ocidente; e que o ato de Cam em ver a nudez de seu pai, mais do que um desrespeito, indica um ato de violação sexual por parte de Cam.
Queremos salientar enfática e categoricamente:
Primeiro, Cam teve outros filhos: Cuxe, Mizraim e Pute, e somente Canaã foi amaldiçoado. 
Segundo, embora o comportamento inadequado descrito no texto bíblico tenha sido o de Cam, filho de Noé, o objeto específico da maldição foi Canaã, o neto de Noé. [Segundo Orígines, um dos pais da Igreja, do sec. III, Canaã foi quem avisou seu pai sobre a situação do seu avô, publicando o que deveria ter mantido sob reserva]. Amaldiçoar, no senso bíblico,  não determina a história, mas descreve a consequência da quebra dum princípio estabelecido pelo ato desrespeitoso; portanto, significa a percepção de efeitos e desdobramentos de um comportamento específico. Ou seja, a postura de Cam e de seu filho Canaã estabelece um padrão comportamental que resultaria numa situação de inversão paradoxal, onde alguns dentre os descendentes de Canaã se tornariam dominados e serviçais dos seus irmãos.
Terceiro, Canaã, neto de Noé, foi habitar e estabeleceu-se na região a oeste do rio Jordão, até a costa do Mediterrâneo (sudoeste da Mesopotâmia), onde os descendentes de Canaã desenvolveram práticas absurdas, inclusive o sacrifício de crianças, e não no continente africano!
Quarto, é de entendimento entre os teólogos especialistas no Velho Testamento que a maldição profética de Noé sobre Canaã foi cumprida quando da conquista da região povoada pelos descendentes de Canaã, os cananeus, por parte dos filhos de Jacó, sob o comando de Josué há mais de três milênios.
Quinto, a maldição proferida sobre Canaã pelo seu avô Noé significou uma percepção e discernimento sobre uma tendência comportamental de um grupo humano, antevendo o resultado de uma corrupção cultural e civilizatória específica e localizada, e em consequente servidão, e de modo nenhum faz referência à cor da sua pele.
Sexto, não há nada, absolutamente nada, nem neste texto bíblico em foco nem na Escritura como um todo, que indique qualquer maldição sobre negros e africanos, e muito menos algo que justifique a escravidão.
Sétimo, o texto bíblico precisa ser lido em seu contexto imediato e considerado à luz da totalidade da Escritura, como saudáveis práticas de interpretação bíblica nos ensinam. De acordo com o próprio capítulo 9 de Gênesis, verso 1 e seguintes, é indicado que o desejo de Deus e sua promessa visam abençoar, dar vida, alimento e todo o necessário para o desenvolvimento de todos os descendentes de Noé, seus filhos e de toda a família humana. A declaração divina de abençoar a Noé e seus descendentes é firme e abrangente, e não pode ser contestada ou reduzida pela declaração relativa e descritiva de Noé a respeito de seu neto.
Oitavo, Deus reafirma o desejo de abençoar a toda a humanidade, a todas as famílias da terra, raças e etnias no episódio descrito na sequência da narrativa bíblica, quando da vocação de Abrão (Genesis 12), intenção que tem seu ápice e culminância na pessoa, vida e ministério de Jesus e continuado em curso na Igreja. Em Cristo, toda maldição é destruída e uma Nova Criação é estabelecida, sendo chamados a participar deste novo concerto todas as nações, etnias, raças, povos e famílias de todas as terras e da Terra toda, sendo revogadas assim todas as maldições e oferecida salvação a todas as pessoas.
Nono, a alegada violação sexual de Cam a Noé não é sustentada pelo texto. A citação do texto da lei de Moisés que chama a violação de descobrir a nudez não dá suporte a tal alegação, uma vez que os verbos usados são diferentes na raiz e no significado: no primeiro caso, trata-se de observação a distância; e, no segundo caso, trata-se de ato deliberado contra outrem.
Décimo, toda vez, na história, que esse texto foi aventado a partir dessa hipótese vulgar, tratou-se de ato de má fé a serviço de interesses escusos, seja quando usado para justificar a escravidão de ameríndios no Brasil colonial, seja quando usado para justificar a escravidão dos africanos de tez negra, seja quando utilizado para a elaboração de sistemas legais de segregação social como o que ocorreu nos Estados Unidos, seja quando usado para justificar a política nefasta e mundialmente condenada do apartheid.
Tal leitura equivocada da Escritura corre o risco de ser vista como suspeita de esconder outros interesses de natureza política, econômica e de dominação social e religiosa. Não há nenhum apoio bíblico para defender qualquer maldição sobre negros ou africanos, que fazem parte, igualmente e em conjunto, da única família humana.
Lamentamos o equívoco provocado por tal vulgarização do texto bíblico, bem como a banalização quanto ao conteúdo de nossa fé, assim como repudiamos qualquer tentativa, intencional ou não, de uso inadequado do texto para quaisquer fins que não o de promover a vida, a libertação e a justiça, como a própria Escritura expressa muito bem.
Brasil, 07 de abril de 2013
Aliança Cristã Evangélica Brasileira