segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PARTICIPE CAMPANHA CONTRA A DENGUE NAS IGREJAS

Ministro da saúde pede apoio de lideranças religiosas no combate à dengue
Fonte: Agência Soma

Representantes dos mais diversos credos comparecerem ao auditório Emílio Ribas, na sede do ministério da Saúde, na tarde de quinta-feira, 27 de janeiro, para uma reunião com o ministro da Saúde Alexandre Padilha. Estiveram presentes 107 líderes de 84 entidades religiosas de todo o país que conheceram detalhes da campanha nacional contra a dengue e do mapa de risco de surto da doença no país. Com as informações recebidas, eles passam a reforçar as ações de mobilização contra a dengue junto aos fiéis. O ministro fez um pedido: “Precisamos que no culto, na missa, no encontro religioso, nas atividades e nos shows essas lideranças reforcem junto aos fiéis a necessidade de cuidar tanto da nossa saúde quanto da nossa casa e da nossa comunidade”.

O encontro foi aberto pelo secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa, que apresentou os dados mais recentes sobre a dengue e as peças publicitárias elaboradas pelo Ministério da Saúde para orientação à população, gestores públicos, educadores e parceiros. Lembrando que há risco de 16 estados brasileiros enfrentarem surto da doença neste primeiro semestre, o ministro Alexandre Padilha reforçou que o combate à dengue não pode ser restrito ao setor saúde.

“O mosquito da dengue vive no dia-a-dia das pessoas, das comunidades, dos bairros... As lideranças religiosas têm o papel fundamental de juntar as pessoas, mobilizá-las, de ajudar as pessoas a tomar consciência de seus hábitos. Para enfrentar todos os problemas de saúde é muito importante a participação das lideranças religiosas, sobretudo no combate à dengue”, destacou o ministro Alexandre Padilha.

A ideia é que as mensagens de prevenção e de orientações sobre a doença sejam repassadas durante cultos e encontros religiosos. Dentre outras iniciativas, as entidades também poderão realizar:
Mutirões de limpeza de terrenos e casas;
Coordenar reuniões entre fieis e equipes técnicas estaduais e municipais de Saúde para repasse de informações;
Reproduzir as peças publicitárias fornecidas pelos ministérios em sítios eletrônicos, quadro de avisos, publicações e programas de rádio e TVs ligados às várias doutrinas.


Saiba mais sobre como sua igreja pode participar lendo a Cartilha da Dengue no site: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/flash/cartilha_dengue.html

sábado, 15 de janeiro de 2011

MEIO AMBIENTE TEMA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE


Cuidando do jardim - a palestra do teólogo José Adalberto Vanzella:

As atividades do Curso de Verão do CESEP começaram com uma participação de representantes da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência, que relataram o desafio que pode ser a simples decisão de participar de um evento como esse. Contudo, dispostos a não se enclausurar, o grupo enfrentou os possíveis obstáculos de acessibilidade, na esperança de que as instalações do curso e seus participantes também estivessem dispostos a acolhê-los. “Quando se fazem adaptações, isso demonstra que somos convidados a participar. A deficiência não nos atrapalha. O que atrapalha é a sociedade não ter consciência que é só colaborar que tudo acontece”. Mas, como a sociedade pode colaborar com a inclusão do deficiente? Simples. Basta perguntar a um deficiente: “Você precisa de ajuda?” Ele dirá sim ou não e como é possível ajudá-lo, pois cada deficiência requer um tipo diferente de cuidado e colaboração.

O padre José Beozzo, coordenador do CESEP, agradeceu à participação da Fraternidade nos cursos de verão, que permitido ao CESEP aprender como proporcionar melhores formas de acessibilidade e inclusão: “A presença de vocês tem sido uma graça para o Curso de Verão. Vocês têm nos educado e mudado a cara do curso”.
O dia foi reservado a discutir a temática da Campanha da Fraternidade de 2011, que tem como tema “Fraternidade e Vida no Planeta” e como lema o versículo 22 do capítulo 8 do livro de Romanos: “A criação geme em dores de parto”. Convidado a debater o tema o teólogo José Adalberto Vanzella, que foi assessor eclesiástico para a Campanha da Fraternidade no Regional Sul 1 da CNBB. Atualmente, é Secretário Executivo do Regional Nordeste 5 (Maranhão) da CNBB.
José começou fazendo uma crítica da escolha do lema da Campanha, que lhe pareceu muito ligado a uma visão escatológica, podendo levar a população a pensar que a temática não diz respeito ao cuidado que devemos ter aqui e agora com a vida no planeta. Por isso, preferiu dar à sua palestra o título “Precisamos cuidar do jardim”, lembrando de uma incumbência que o Criador deu ao ser humano: Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar (
Gênesis 2.15).

E foi baseando-se no de Gênesis que José Vanzella trouxe os primeiros subsídios à discussão. Ele lembrou que nós, seres humanos, fomos acolhidos pela natureza, que existia antes de nós. E, para que tudo fosse criado, há um mandato divino, seguido de uma evolução natural: “Ele diz: ‘Faça-se´. E assim se faz. Então, não é Deus que sai fazendo as coisas. A criação se faz por mandato divino e as coisas tem uma evolução natural”, explicou o teólogo.

Segundo Vanzella, esse mandato divino tem sido muito mal interpretado. É o que acontece, por exemplo quando se lê, no livro de Gênesis, “crescei, multiplicai e dominai a natureza”. “Entendemos a dominação como forma de tirania”, disse Vanzella. O teólogo explicou que Deus não exerce o senhorio pela tirania. “Ele não diz: Ou vocês me adoram, ou vão para o quinto dos infernos, vão virar torresmo no caldeirão do diabo”, brincou o teólogo. “O senhorio divino não acontece dessa maneira. O Senhor Deus cria, possibilita a evolução, abençoa, cuida e resgata”.

O teólogo destacou, ainda, que o livro de Gênesis traz a imagem de um Deus “agricultor”, que planta o jardim do Éden e nele põe o ser humano para que cultive. Mas “cultivar é mais do que plantar e colher” e o ser humano tem criatividade e originalidade para ir além dos determinismos da natureza. “Podemos ir além, para o bem ou para o mal”, alertou Vanzella. Ele exemplificou com a tragédia ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro, consequência de ações humanas, e não um determinismo natural. “E se a riqueza destrói a natureza, os afetados não são os mais ricos, mas os mais pobres, pensem nisso!” – disse.

Para refletir sobre a relação – nem sempre harmônica – do ser humano com a natureza, José Vanzella traçou um panorama histórico que voltou à Antiguidade, quando os povos explicavam os processos naturais recorrendo à mitologia. “Para os povos antigos o sagrado está ligado diretamente à condição da vida”, disse ele. Ele explicou que essa é uma concepção bastante diferente da atual, que entende sagrado como “separado”. Para os antigos, o sagrado é o que sustenta a vida. O conhecimento foi alterando pouco a pouco essa relação. O primeiro registro histórico de uso do conhecimento da natureza com o objetivo de se extrair vantagem pessoal é o relato de Tales de Mileto. Observando a natureza, ele notou que haveria uma grande colheita de azeitonas. Alugou todos os celeiros da região e depois os sublocou aos próprios donos por um preço muito maior.
Após a tomada de Constantinopla, no século 13, o comércio de especiarias gera uma nova classe social e um novo poder. Se antes havia apenas o poder temporal dos reis e o religioso dos padres, agora entra em cena o poder econômico, que vai conquistando espaços cada vez maiores.

A filosofia também se desenvolve, estabelecendo novas formas de relação com a natureza. O domínio da natureza avança para o campo metodológico. “E o método é sempre interessado. Não existe metodologia ingênua”, alertou o teólogo. Assim, por exemplo, muitos investimentos se fazem sobre a pesquisa com genoma humano não apenas porque ela pode salvar vidas – esse seria um “efeito colateral”, disse Vanzella – mas, fundamentalmente, porque essa pesquisa pode gerar grandes lucros. “Quando se usa um conhecimento e uma metodologia, sempre existe uma implicação ética”.

Impossível falar de metodologia sem lembrar de Descartes, cujo pensamento nos influencia até os dias de hoje, lembrou o teólogo. “Vamos por partes” seria uma boa frase para resumir a metodologia cartesiana, que privilegia a clareza e a distinção, separando um problema em problemas menores que sejam avaliados um a um. Essa forma de pensar, fragmentária, gerou o dualismo que marca a ação pastoral, afirmou o teólogo. “Somos todos cartesianos. Separamos fé e vida. Por exemplo: a Igreja é uma coisa, a sociedade é outra”. Tal forma de pensar, afirmou Vanzella, manifesta-se numa sociedade farisaica, como aquela dos tempos do profeta Amós, que bradava contra os gananciosos ansiosos por terminar o sábado para que pudessem voltar aos seus negócios fraudulentos, usurpando o pobre (está em Amós 8.4-6). Hoje também vivemos essa farisaísmo, que se apresenta sob vários aspectos e, particularmente, na moral sexual: “Um amasiado (pessoa que não se casou legalmente) não pode comungar, mas um corrupto pode”, criticou.

O poder econômico cresceu e se impôs sobre as demais formas de poder: a política, a informação e até mesmo a religião. “O consumismo é o maior inimigo da natureza, mas contra ele ninguém faz nada”, alertou Vanzella. Ele reconheceu que o consumo atende à necessidades reais, como a alimentação, o vestuário, educação, saúde, transporte. Contudo, existem necessidades que são criadas como, por exemplo, a moda, a “tecnologia de ponta”, a “última geração” que induzem ao consumismo. Não é por acaso, disse o teólogo, que o banco e o shopping são os prédios mais bonitos da cidade, os lugares de culto desse novo paganismo.
Muitos problemas ambientais advém do consumismo. O destino do lixo é um dos principais. Só em São Paulo cada ser humano produz hoje um quilo de lixo por dia. E entra nessa conta o lixo industrial e hospitalar. “Temos a necessidade de desenvolver um outro olhar para o meio ambiente, pois não existe um olhar desinteressado, a gente sempre procura algo, mesmo inconscientemente”. Alguém pode olhar para uma linda mata e nela enxergar a biodiversidade, ou a ação de Deus. Outra pessoa enxergará o lucro advindo do comércio de madeira. “O que determina é a hierarquia de valores”.

A Campanha da Fraternidade busca trazer novos valores ao debate. Ele se insere no contexto da quaresma, que é tempo de autoanálise e conversão. “A quaresma é também conversão externa e social”, destacou o José Vanzella. “Às vezes até conseguimos reconhecer nossas faltas, nossa necessidade de conversão pessoal. Mas quando falamos em conversão social, aí nunca é com a gente”, disse ele. Segundo o teólogo, é necessário eliminar as causas do pecado, relacionando a fé com a vida. Daí a importância de inserir a Campanha da Fraternidade aos gestos fundamentais da Quaresma: o estudo da Palavra, que pode trazer novos valores à sociedade; a oração, valorizando os canais da Graça; o jejum, associado a ações de solidariedade. “Tem gente que não come carne a quaresma inteira. E quando chega na sexta-feira compra um bacalhau com o dinheiro que deixou de gastar em carne. Isso não foi jejum, foi poupança. Para outras pessoas, o jejum é apenas um regime. Isso não é jejum. O que eu não consumi não é mais meu, é objeto de solidariedade”, lembrou Vanzella.
Segundo o teólogo, na busca de uma conversão pessoal, social e eclesial, a Campanha da Fraternidade direciona profeticamente a Escrita da Palavra para a vida concreta. Dessa conversão resulta o Shalom, a paz com Deus, com as pessoas e com a natureza. “Na criação havia paz completa. Deus passeava com o ser humano no jardim. Veio o pecado e acabou o Shalom. Precisamos de novos valores”.

Conclamando o povo de Deus a uma conversão pessoal, social e eclesial, José Vanzella pediu que o auditório cantasse uma música muito conhecida entre os cristãos: “Momento Novo”, de Ernesto Cardoso. A letra diz:

Deus chama a gente prum momento novo
De caminhar junto com seu povo,
É hora de transformar o que não dá mais
Sozinho, isolado, ninguém é capaz.
Por isso vem, entra na roda com a gente também...
Você é muito importante, vem!

Mas José Vanzella pediu que os irmãos e irmãs parassem para pensar no significado da expressão “entra na roda com a gente” . “Temos convidado a sociedade a entrar para a nossa roda”, disse ele. “Está na hora de sairmos da nossa roda e irmos até a sociedade. Tem muita coisa boa lá que a gente despreza. Podemos aprender com eles e levar o Evangelho da Boa Nova”.

Publicado em: 09/01/2010
Fonte: Suzel Tunes
Revista Entheos

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

POEMA CORTAR O TEMPO

Cortar o tempo

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente...

Para você, Desejo o sonho realizado.
O amor esperado, A esperança renovada.
Para você, Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
que sua família esteja mais unida,
que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas...
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes...
e que eles possam te mover a cada minuto,
no rumo da sua FELICIDADE!!!"

Carlos Drummond de Andrade
Abraços!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

EX MENINA DE RUA DE SÃO PAULO ESTUDA MEDICINA EM CUBA

É este o caso da jovem Gisele Antunes Rodrigues, de 23 anos, ex-menina de rua de São Paulo, nascida em Ribeirão Pires, que deu a volta por cima e hoje está no terceiro ano de Medicina. Detalhe: ela estuda no Instituto Superior de Ciências Médicas de La Habana, em Cuba, onde estão matriculados outros 275 brasileiros.

Gisele veio passar as férias no Brasil e, na próxima semana, volta a Cuba. Como ela foi parar lá? Ninguém melhor do que a própria Gisele, que escreve muito bem, para nos contar como é a vida lá e como foi esta sua incrível travessia das ruas de São Paulo até cursar uma faculdade de Medicina em Cuba.

Só mais uma brasileira, que conta a sua história:
Saí de casa com 9 anos de idade, porque minha mãe espancava eu e meu irmão. Não tínhamos comida, o básico para sobreviver. Meu pai nunca foi presente. É um alcoólatra que só vi duas vezes na vida. Minha mãe é uma mulher honesta, mas que não conseguia educar seus filhos. Já foi constatado que ela tem problemas mentais.
Ela trabalhava como cigana na Praça da República (em São Paulo, SP).

Quando eu fugi de casa segui esse caminho, e encontrei uma grande quantidade de meninos e meninas de rua. Apresentei-me a um deles, este me ensinou como chegar em um albergue para jovens, e a partir desse momento passei a ser menina de rua. Só comparecia nessa instituição para comer, tomar banho e ter um pouco de infância (brincar). No meu quinto dia na rua, comecei a cheirar cola e depois maconha.

Alguns educadores preocupados com a minha situação tentavam me orientar, mas de nada valia. Foi quando me apresentaram a uma religiosa, a irmã Ana Maria, que me encaminhou para um abrigo, o Sol e Vida. Passei uns três anos lá e deixei de usar drogas.
Esta instituição não era financiada pelo Governo. Quando foi fechada, me encaminharam a outros abrigos da prefeitura, entre eles o Instituto Dom Bosco, do Bom Retiro.
E assim foi, até os 17 anos.
Para alguém que usa droga, não era fácil seguir regras. Foi por muita persistência e um ótimo trabalho de vários educadores que eu consegui deixar as drogas, sair da desnutrição e recuperar a saúde após anemia grave.
Na infância, era rebelde, não queria aceitar a minha situação. Apenas queria ter uma família.

Mas havia algo que eu valorizava: a escola e os cursos que eu fazia na adolescência. Aos 14 anos de idade, comecei a jogar futebol, tive a minha primeira remuneração.
Aos 16 anos, entrei em uma empresa, a Ericsson, que capacitava jovens dos abrigos para o mercado de trabalho. Essa empresa financiou meu curso de auxiliar de enfermagem e o início do técnico. O último não foi possível concluir.
Explico: existe uma lei nas instituições públicas segunda a qual o jovem a partir dos 17 anos e 11 meses não é mais sustentado pelo governo, tem que se manter sozinho. Como eu não tinha contato com a minha família, quando se aproximou a data de completar essa idade, entrei em desespero.
A sorte foi que a entidade, o Instituto Dom Bosco, do Bom Retiro, criou um projeto denominado Aquece Horizonte. Este projeto é uma república para jovens que, ao sair do abrigo, podem ficar lá até aos 21 anos.

Os coordenadores e patrocinadores acompanham o desenvolvimento do jovem neste período de amadurecimento.
As regras mais básicas da república são: trabalhar, estudar e querer vencer na vida.

No segundo ano de república, eu desejava entrar na universidade, mas sabia que não tinha condições de pagar a faculdade de enfermagem ou conseguir passar na universidade pública.
Optei então por fazer a faculdade de pedagogia.

É uma área que me encanta, e a única que podia pagar. No primeiro semestre da faculdade de pedagogia, um educador do abrigo, o Ivandro, me chamou pra uma conversa e me informou sobre um processo seletivo para estudar medicina em Cuba.
Fiquei contente e aceitei participar da seleção.
Passei pelo processo seletivo no consulado cubano e estou desde 2007 em Cuba.

Iniciei o terceiro ano de medicina no dia 06 de setembro de 2010.
São 7 anos no país, sendo 6 de medicina e um de pré-médico.
Ir a Cuba foi minha maior conquista. Além de aprender sobre a medicina, aprendo sobre a vida, a importância dos valores. Antes de ir, sempre lia reportagens negativas sobre o país, mas quando cheguei lá, não foi isso que vi. Em Cuba, todos têm direito a educação, saúde, cultura, lazer e o básico pra sobreviver.
Li em muitas revistas que o Fidel Castro é um ditador, e descobri em Cuba, que ele é amado e idolatrado pelos cubanos. Escrevem que Cuba é o país da miséria. Mas de que tipo de miséria eles falam?

Interpreto como miséria o que passei na infância. Em casa, não tinha água encanada, luz, comida...
Recordo que tinha dias em que eu, meu irmão e minha mãe não conseguíamos nos levantar da cama devido à fraqueza por falta de alimento. Tomávamos água doce pra esquecer a fome. Então, quando abro uma revista publicada no Brasil e nela está escrito que Cuba é um país miserável, eu me pergunto: se em Cuba, onde todos têm direito a saúde, educação, moradia, lazer e alimento, como podemos denominar o Brasil?
Temos um país com riqueza imensa, que conquistou o 8º lugar no ranking dos países mais ricos, mas sua riqueza se concentra nas mãos de poucos, com uns 60% da população vivendo em uma miséria verdadeira, pior que a miséria da minha infância.
Cuba sofre um embargo econômico imposto pelos Estados Unidos por ser um paíssocialista e é criticado por outros governos. No entanto, consegue dar bolsa para mais de 15 mil estrangeiros de vários países, se destaca na área da saúde (gratuita), educação (colegial, médio, técnico e superior – gratuito para todos) e esporte (2º lugar no quadro de medalhas, na história dos Jogos Pan-americanos), é livre de analfabetismo.
A cada mil nascidos vivos morrem menos de 4. Vivenciando tudo isso, euqueria também que o Brasil fosse miserável como Cuba, como é escrito em várias revistas. Acho que o brasileiro estaria melhor e não seria tão comum encontrar tantos jovens sem educação, matando, roubando e se drogando nas ruas.
Vou passar mais quatro anos em Cuba e não quero deixar o curso por nada.

Desejo concluir a faculdade e ajudar esse povo carente que sonha com melhoras na área da saúde, quero ajudar outros jovens a realizar os seus sonhos, como me ajudaram.
Também pretendo apoiar meu irmão, que deseja estudar Direito.
Tenho meu irmão como exemplo de superação. Saiu de casa com 13 anos deidade, mas não foi para uma instituição governamental. Morou em um cômodo que seu patrão lhe ofereceu. Enquanto eu estudava e fazia cursos, ele estava trabalhando para ter o pão de cada dia. Hoje, ele é um homem com 25 anos de idade, casado e tem uma filha linda, e mesmo assim encontra tempo pra me apoiar e me dar conselhos.
Foi muito bom visitar o Brasil. Depois de longos 13 anos tive um tipo de comunicação com a minha mãe. Isso pra mim é uma vitória. Quero estar próxima dela quando voltar.
Conto um pouco da minha história, mas sei que muitos brasileiros ultrapassaram barreiras piores, até realizarem seus sonhos. Peço ao povo brasileiro que continue lutando. É período de eleições, peço também que todos votem com consciência, escolha a pessoa adequada pra administrar o nosso país tão injusto.
Gisele Antunes Rodrigues,
Outubro de 2010.