sites úteis
SITES DE INTERESSE GERAL
01. Quando for comprar qualquer coisa não deixe de consultar o site Gastarpouco.
www.gastarpouco.com
02. Serviço dos cartórios de todo o Brasil, que permite solicitar documentos via internet:
www.cartorio24horas.com.br/index.php
03. Site de procura e reserva de hotéis em todo o Brasil, por cidade, por faixa de preços, reservas etc.:
www.hotelinsite.com.br
04. Site que permite encontrar o transporte terrestre entre duas cidades, a transportadora, preços e horários:
https://appweb.antt.gov.br/transp/secao_duas_localidades.asp'
05. Encontre a Legislação Federal e Estadual por assunto ou por número, além de súmulas dos STF, STJ e TST:
www.soleis.adv.br
06. Tenha a telinha do aeroporto de sua cidade em sua casa, chegadas e partidas:
www.infraero.gov.br/pls/sivnet/voo_top3v.inip_cd_aeroporto_ini=
07. Encontre a melhor operadora para utilizar em suas chamadas telefônicas:
http://sistemas.anatel.gov.br/sipt/Atualizacao/Importanteaspp'
08. Encontre a melhor rota entre dois locais em uma mesma cidade ou entre duas cidades, sua distância, além de localizar a rua de sua cidade:
www..mapafacil.com.br
09. Encontre o mapa da rua das cidades, além de localizar cidades:
http://mapas.terra.com.br/Callejero/home.asp
10 Confira as condições das estradas do Brasil, além da distância entre as cidades:
www.dnit.gov.br
11. Caso tenha seu veículo furtado, antes mesmo de registrar ocorrência na polícia informe o fato neste site. O comunicado às viaturas da DPRF é imediato:
www..dprf.gov.br/ver.cfmlink==form_alerta
12. Tenha o catálogo telefônico do Brasil inteiro em sua casa. Procure o telefone daquele amigo que estudou com você no colégio:
www.102web.com.br
13. Confira os melhores cruzeiros, datas, duração, preços, roteiros etc.:
www.bestpricecruises.com/default.asp
14. Vacina anti-câncer (pele e rins). OBS: ESTA VACINA DEVE SER SOLICITADA PELO MÉDICO ONCOLOGISTA:
www..vacinacontraocancer.com.br/hybricell/home.html
15. Indexador de imagens do Google - captura tudo que é foto e filme de dentro de seu computador e os agrupa, como você desejar:
www..picasa.com
16. Semelhante ao Internet Explorer , porem muito mais rápido e eficiente, este site permite adicionar os botões que desejar, ou seja, é manipulado pelço internauta como ele quer:
www.mozilla.org.br/firefox
17. Site de procura, semelhante ao GOOGLE:
www.gurunet.com
18. Site que fornece as horas em qualquer lugar do mundo:
www.timeticker.com/main.htm
19. Site que permite fazer pesquisas dentro de livros:
www.a9.com
20. Site que diz tudo do Brasil desde o descobrimento por Cabral:
www.historiadobrasil.com.br
21. Site que ajuda a conjugar verbos em 102 idiomas:
www..verbix.com
22. Site de conversão de Unidades:
www.webcalc.com.br/conversões/area.html
23. Site para envio de e-mails pesados, acima de 50Mb:
www.dropload.com
24. Site para envio de e-mails pesados, sem limite de capacidade:
www.sendthisfile.com
25. Site que calcula qualquer correção desde 1940 até hoje, informando todos os índices disponíveis no mercadofinanceiro. Grátis para Pessoa Física:
www.debit.com.br
26. Site que permite ao internauta falar e ver pela internet com outros computadores, ou FALAR DE SEU COMPUTADOR COM TELEFONES FIXOS E CELULARES EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO GRÁTIS - De computador para computador, voz + imagem. De computador para telefone fixo ou celular:
www.skype.com
27. Site que lhe permite ler jornais e revistas de todo o mundo.
www.indkx.com/index.htm
28. Site de câmeras virtuais, funcionando 24 hs por dia ao redor do mundo:
www.earthcam.com
COLABORAÇÃO: Olavo de Carvalho
sábado, 28 de março de 2009
quinta-feira, 26 de março de 2009
Minha Reflexão dentro da Cadeia
Minha reflexão dentro da cadeia
"Em nosso peito bate uma saudade tão forte que até parece um ataque cardíaco que nos faz cair no chão da cela chorando e sofrendo"As pessoas dizem que a cadeia é o inferno e que a cadeia é do diabo. Mas eu mesmo aqui dentro tenho, às vezes, outros pensamentos. Quem sabe se, às vezes, a cadeia não é de Deus. Pensando bem, eu aqui estou longe dos perigos do mundão, livre das pessoas que nos olham torto, que nos julgam.
Aqui dentro ninguém pode julgar ninguém, pois todos somos pecadores, sofredores, presos. Para a maioria do povo somos bichos, assassinos e presos que não amam, etc. Mal sabem eles que nós somos uma das pessoas mais fortes do mundo, superadores de grandes sofrimentos. Muitos chegam aqui e quando dão por si já tiraram suas próprias vidas, outros ficam loucos, outros adoecem. Nós somos sobreviventes e ficamos aqui vendo a nossa vida passar diante dos nossos olhos, todos os erros, todas as falhas, perdendo em nossas famílias coisas muito importantes. E surgem grandes arrependimentos.
O respeito aqui é muito maior do que em qualquer outro lugar. Respeitar o lugar, o espaço, o vício do outros, as opiniões dos outros, tudo isso é essencial para poder viver aqui. Todos aqui dependem uns dos outros, aqui nós vivemos alguma coisa em comum, a saudade. Aqui temos um só objetivo para viver, a nossa liberdade. Estamos esperando um só julgamento, que Deus nos livre do castigo que ele nos deu, para que na vida aprendamos alguma coisa que ainda não aprendemos. Aqui é preciso ser forte o bastante para quando olharmos lá fora, não ter nada para nos impedir de ver melhor.
Em nosso peito bate uma saudade tão forte que até parece um ataque cardíaco que nos faz cair no chão da cela chorando e sofrendo. Temos que nos virar de qualquer jeito, por isso usamos a nossa inteligência e coragem, a força de vontade e a lei da sobrevivência e assim vamos conseguindo tudo que precisamos. Aqui tem muitas mentes, umas mais sábias que as outras, umas mais maldosas. Tem pessoas que estão aqui há anos e outras que ainda terão que ficar muitos anos e que ainda não aprenderam a viver, falam demais, vêem demais e acaba mais um sangue derramado, mais uma cova aberta, mais uma mãe que chora.
Estamos aqui vivos, estamos em uma escola, mas uma escola diferente, escola de sobrevivência. A ansiedade bate no peito toda vez que se escuta a chave do cadeado e a grade se abrindo. Fecham-se os olhos e se imagina saindo na galeria. E quando chega o agente, você se pergunta: será que sou eu?
Tamires de Assis Ferreira
Fonte: Jornal Recomeço - Edição 152 - Março/2009
Este texto é um retrato fiel das prisões, feito por uma jovem, mas bem jovem ainda.
Que teve sua juventude roubada pela crueldade da violencia.
"Em nosso peito bate uma saudade tão forte que até parece um ataque cardíaco que nos faz cair no chão da cela chorando e sofrendo"As pessoas dizem que a cadeia é o inferno e que a cadeia é do diabo. Mas eu mesmo aqui dentro tenho, às vezes, outros pensamentos. Quem sabe se, às vezes, a cadeia não é de Deus. Pensando bem, eu aqui estou longe dos perigos do mundão, livre das pessoas que nos olham torto, que nos julgam.
Aqui dentro ninguém pode julgar ninguém, pois todos somos pecadores, sofredores, presos. Para a maioria do povo somos bichos, assassinos e presos que não amam, etc. Mal sabem eles que nós somos uma das pessoas mais fortes do mundo, superadores de grandes sofrimentos. Muitos chegam aqui e quando dão por si já tiraram suas próprias vidas, outros ficam loucos, outros adoecem. Nós somos sobreviventes e ficamos aqui vendo a nossa vida passar diante dos nossos olhos, todos os erros, todas as falhas, perdendo em nossas famílias coisas muito importantes. E surgem grandes arrependimentos.
O respeito aqui é muito maior do que em qualquer outro lugar. Respeitar o lugar, o espaço, o vício do outros, as opiniões dos outros, tudo isso é essencial para poder viver aqui. Todos aqui dependem uns dos outros, aqui nós vivemos alguma coisa em comum, a saudade. Aqui temos um só objetivo para viver, a nossa liberdade. Estamos esperando um só julgamento, que Deus nos livre do castigo que ele nos deu, para que na vida aprendamos alguma coisa que ainda não aprendemos. Aqui é preciso ser forte o bastante para quando olharmos lá fora, não ter nada para nos impedir de ver melhor.
Em nosso peito bate uma saudade tão forte que até parece um ataque cardíaco que nos faz cair no chão da cela chorando e sofrendo. Temos que nos virar de qualquer jeito, por isso usamos a nossa inteligência e coragem, a força de vontade e a lei da sobrevivência e assim vamos conseguindo tudo que precisamos. Aqui tem muitas mentes, umas mais sábias que as outras, umas mais maldosas. Tem pessoas que estão aqui há anos e outras que ainda terão que ficar muitos anos e que ainda não aprenderam a viver, falam demais, vêem demais e acaba mais um sangue derramado, mais uma cova aberta, mais uma mãe que chora.
Estamos aqui vivos, estamos em uma escola, mas uma escola diferente, escola de sobrevivência. A ansiedade bate no peito toda vez que se escuta a chave do cadeado e a grade se abrindo. Fecham-se os olhos e se imagina saindo na galeria. E quando chega o agente, você se pergunta: será que sou eu?
Tamires de Assis Ferreira
Fonte: Jornal Recomeço - Edição 152 - Março/2009
Este texto é um retrato fiel das prisões, feito por uma jovem, mas bem jovem ainda.
Que teve sua juventude roubada pela crueldade da violencia.
sábado, 21 de março de 2009
Movimentos Sociais x Crise
RELATORIO SUSCINTO DO SEMINARIO NACIONAL PARA DEBATER A CRISE
CONVOCADO PELOS MOVIMENTOS SOCIAIS ARTICULADOS NA ASSEMBLEIA POPULAR
Data: 14 e 15 de março de 2009
Local: Escola Nacional Florestan Fernandes
Presentes: 35 movimentos sociais e centrais sindicais, 88 dirigentes, a nível nacional e dos estados de Rio grande do sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do sul, DF, Goiás, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará.
SINTESE DOS DEBATES E ENCAMINHAMENTOS
SOBRE A NATUREZA DA CRISE QUE ESTAMOS VIVENDO.
-Há diferentes enfoques sobre sua natureza, mas todos concordam que é uma crise estrutural, sistêmica, que atinge a produção, as finanças, o comercio, o meio ambiente, e o modo de vida consumista proposta pelo capitalismo.
-Nesse sentido será uma crise profunda, prolongada e a nível internacional.
SOBRE AS CONSEQUENCIAS DA CRISE
- Há muitas hipóteses, poucas certezas, mas todos concordam que as suas conseqüências sociais serão graves. E Recairão sobre todo o povo brasileiro. E os mais atingidos serão os trabalhadores, as mulheres e as população com menor proteção de direitos sociais e de seguridade.
- Podemos nos questionar agora, o que acontecerá com as conseqüências da crise num contexto histórico em que 80% da população mundial vive nas cidades e por tanto estará mais à mercê das conseqüências da crise? (Na crise de 1929-45 a maioria da população estava no campo).
SOBRE AS TATICAS POLITICAS DA CLASSE DOMINANTE: OS CAPITALISTAS
3.1. Estão construindo um discurso para gerar hegemonia de que a crise é de todos, que não tem culpados. E por tanto, todos devem dar sua quota de sacrifício.
3.2. Vão usar todas as medidas clássicas que o capitalismo sempre usou para sair das crises: desemprego, aumento da exploração dos trabalhadores, destruição do capital acumulado, conflitos bélicos para destruir capital; transferência de riqueza da periferia para o centro, etc.
3.3. Vão aumentar a ofensiva sobre os recursos naturais brasileiros, para se apropriar, privatizar as riquezas que hoje são publicas, como a terra, água, energia, instalar hidrelétricas na Amazônia, minérios e biodiversidade.
3.4. Vão apelar para o estado, pois ele tem maior capacidade de reunir, juntar a mais valia social (a poupança nacional,) recolher de toda população na forma de impostos, depósitos avista, depósitos nas cadernetas de poupança e repassar aos capitalistas e bancos para socorrer suas empresas, com dinheiro do povo. Depois que se escaparem, vão desdenhar o estado de novo.
3.5. As saídas que estão sempre apresentadas pelos governos e pelos empresários não vão resolver os problemas da crise do capitalismo. No máximo vai aumentar os problemas da classe trabalhadora.
3.6. Vai aumentar a criminalização a todos os que lutarem contra a crise, (como já estão fazendo com MST, com outros movimentos no rio, professores, com os policiais militares de SC, etc ); para isso estão usando já: a) O poder judiciário
b) A imprensa burguesa
c) A repressão policial
SOBRE A SITUAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA BRASILEIRA
4.1. Há uma crise na esquerda que tem suas características ideológicas e organizativas, que está afetando a possibilidade de organizar a classe trabalhadora.
4.2. Poucos movimentos e organizações estão fazendo trabalho de base. E sem trabalho de base é impossível conscientizar, organizar e motivar as massas.
4.3. É difícil construir a unidade entre todas as forças populares. Mas não devemos colocar a unidade como panacéia, solução para todos nossas dificuldades organizativas. Precisamos antes construir ações concretas de massa, para ir construindo a unidade na marcha da luta. A unidade necessária é aquela que vá acumulando força de massa organizada. Muitas vezes nos iludimos que unidade é fazer reunião de dirigentes. Unidade é para juntar mais gente, mais força.
4.4. Palavra de ordem. Nos falta uma palavra de ordem que consiga expressar toda indignação contra a crise. Por isso devemos ir construindo uma palavra de ordem, do tipo “ Que os ricos paguem a crise!” “ O Povo não pode pagar a conta da crise.”. Etc. Esse é um desafio que devemos ir pensando e construindo.
4.5. Há uma dificuldade de entendimento sobre a natureza dos programas para enfrentar a crise.
a) Nosso horizonte estratégico de longo prazo é o socialismo. Sabemos que somente a superação das perversidades do modo de produção capitalista é que poderemos construir sociedades mais justas e igualitárias. Mas o Socialismo não é um ato de vontade, nem apenas de palavra de ordem. Sua construção depende da correlação de forças. Ou seja da classe trabalhadora ir construir força autônoma, em capacidade e em ideologia. E aqui no Brasil estamos em uma condição muito adversa ainda.
b) Precisamos de um programa de médio prazo. Há ainda uma pequena confusão, pois muitos de nós levantam o programa socialista como se estivesse na ordem do dia. Já os movimentos que atuam na assembléia popular, nos constituímos construindo a proposta de um programa popular para o Brasil. Que está expresso na cartilha O Brasil que queremos. Mas essas diferenças não são fundamentais agora. Não precisamos transforma-las em divergências.
c) A necessidade de uma Plataforma imediata que oriente as lutas.
Sobre essa necessidade temos construído unitária duas referencias. A carta dos movimentos sociais brasileiros, construída por 67 organizações e entregue ao governo brasileiro dia 18 de novembro de 2008. E a plataforma tirada na assembléia mundial dos movimentos sociais dia 30 de janeiro de 2009, em Belém.
Este foi de deverá ser um passo importante para conoseguirmos avançar em meio ao caos, nos momentos de crise é que temos disposição de luta e vamos construir novos caminhos que só se constroem caminhando.
CONVOCADO PELOS MOVIMENTOS SOCIAIS ARTICULADOS NA ASSEMBLEIA POPULAR
Data: 14 e 15 de março de 2009
Local: Escola Nacional Florestan Fernandes
Presentes: 35 movimentos sociais e centrais sindicais, 88 dirigentes, a nível nacional e dos estados de Rio grande do sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do sul, DF, Goiás, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará.
SINTESE DOS DEBATES E ENCAMINHAMENTOS
SOBRE A NATUREZA DA CRISE QUE ESTAMOS VIVENDO.
-Há diferentes enfoques sobre sua natureza, mas todos concordam que é uma crise estrutural, sistêmica, que atinge a produção, as finanças, o comercio, o meio ambiente, e o modo de vida consumista proposta pelo capitalismo.
-Nesse sentido será uma crise profunda, prolongada e a nível internacional.
SOBRE AS CONSEQUENCIAS DA CRISE
- Há muitas hipóteses, poucas certezas, mas todos concordam que as suas conseqüências sociais serão graves. E Recairão sobre todo o povo brasileiro. E os mais atingidos serão os trabalhadores, as mulheres e as população com menor proteção de direitos sociais e de seguridade.
- Podemos nos questionar agora, o que acontecerá com as conseqüências da crise num contexto histórico em que 80% da população mundial vive nas cidades e por tanto estará mais à mercê das conseqüências da crise? (Na crise de 1929-45 a maioria da população estava no campo).
SOBRE AS TATICAS POLITICAS DA CLASSE DOMINANTE: OS CAPITALISTAS
3.1. Estão construindo um discurso para gerar hegemonia de que a crise é de todos, que não tem culpados. E por tanto, todos devem dar sua quota de sacrifício.
3.2. Vão usar todas as medidas clássicas que o capitalismo sempre usou para sair das crises: desemprego, aumento da exploração dos trabalhadores, destruição do capital acumulado, conflitos bélicos para destruir capital; transferência de riqueza da periferia para o centro, etc.
3.3. Vão aumentar a ofensiva sobre os recursos naturais brasileiros, para se apropriar, privatizar as riquezas que hoje são publicas, como a terra, água, energia, instalar hidrelétricas na Amazônia, minérios e biodiversidade.
3.4. Vão apelar para o estado, pois ele tem maior capacidade de reunir, juntar a mais valia social (a poupança nacional,) recolher de toda população na forma de impostos, depósitos avista, depósitos nas cadernetas de poupança e repassar aos capitalistas e bancos para socorrer suas empresas, com dinheiro do povo. Depois que se escaparem, vão desdenhar o estado de novo.
3.5. As saídas que estão sempre apresentadas pelos governos e pelos empresários não vão resolver os problemas da crise do capitalismo. No máximo vai aumentar os problemas da classe trabalhadora.
3.6. Vai aumentar a criminalização a todos os que lutarem contra a crise, (como já estão fazendo com MST, com outros movimentos no rio, professores, com os policiais militares de SC, etc ); para isso estão usando já: a) O poder judiciário
b) A imprensa burguesa
c) A repressão policial
SOBRE A SITUAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA BRASILEIRA
4.1. Há uma crise na esquerda que tem suas características ideológicas e organizativas, que está afetando a possibilidade de organizar a classe trabalhadora.
4.2. Poucos movimentos e organizações estão fazendo trabalho de base. E sem trabalho de base é impossível conscientizar, organizar e motivar as massas.
4.3. É difícil construir a unidade entre todas as forças populares. Mas não devemos colocar a unidade como panacéia, solução para todos nossas dificuldades organizativas. Precisamos antes construir ações concretas de massa, para ir construindo a unidade na marcha da luta. A unidade necessária é aquela que vá acumulando força de massa organizada. Muitas vezes nos iludimos que unidade é fazer reunião de dirigentes. Unidade é para juntar mais gente, mais força.
4.4. Palavra de ordem. Nos falta uma palavra de ordem que consiga expressar toda indignação contra a crise. Por isso devemos ir construindo uma palavra de ordem, do tipo “ Que os ricos paguem a crise!” “ O Povo não pode pagar a conta da crise.”. Etc. Esse é um desafio que devemos ir pensando e construindo.
4.5. Há uma dificuldade de entendimento sobre a natureza dos programas para enfrentar a crise.
a) Nosso horizonte estratégico de longo prazo é o socialismo. Sabemos que somente a superação das perversidades do modo de produção capitalista é que poderemos construir sociedades mais justas e igualitárias. Mas o Socialismo não é um ato de vontade, nem apenas de palavra de ordem. Sua construção depende da correlação de forças. Ou seja da classe trabalhadora ir construir força autônoma, em capacidade e em ideologia. E aqui no Brasil estamos em uma condição muito adversa ainda.
b) Precisamos de um programa de médio prazo. Há ainda uma pequena confusão, pois muitos de nós levantam o programa socialista como se estivesse na ordem do dia. Já os movimentos que atuam na assembléia popular, nos constituímos construindo a proposta de um programa popular para o Brasil. Que está expresso na cartilha O Brasil que queremos. Mas essas diferenças não são fundamentais agora. Não precisamos transforma-las em divergências.
c) A necessidade de uma Plataforma imediata que oriente as lutas.
Sobre essa necessidade temos construído unitária duas referencias. A carta dos movimentos sociais brasileiros, construída por 67 organizações e entregue ao governo brasileiro dia 18 de novembro de 2008. E a plataforma tirada na assembléia mundial dos movimentos sociais dia 30 de janeiro de 2009, em Belém.
Este foi de deverá ser um passo importante para conoseguirmos avançar em meio ao caos, nos momentos de crise é que temos disposição de luta e vamos construir novos caminhos que só se constroem caminhando.
sexta-feira, 20 de março de 2009
Aconteceu Comigo
Aconteceu comigo dia 14/03/2009
No corre-corre do dia a dia e inclusive nos finais de semana onde as tarefas se acumulam para serem resolvidas, acordo no mesmo horário porque o corpo parece habituar-se à rotina e vi em cima da mesa uma garrafinha de água mineral que costumo beber no gargalo, talvez para economizar tempo de ficar enchendo copo ou também por ter adquirido este abençoado habito por dar aula no pátio interno de uma cadeia onde os bebedouros ficam distantes este é o único recurso levar garrafinhas de água cheias de água.
Bem logo pensei chi, esqueci minha garrafa de água fora da geladeira, e completei com água filtrada e coloquei de volta da geladeira.
Quando estava saindo para dar uma importante entrevista na rádio sobre o almoço do dia 22/03 da Casa Lar de Apoio a Criança e ao Adolescente que passa por uma situação extremamente frágil, pois, o governo anterior deveria ter repassado no ano de 2008 R$ 22,000,00 e só repassou R$ 2.000,00 imagina as grandes conseqüências deste descaso com as nossas crianças e m situação de risco social e familiar que estão lá abrigadas.
O fato é que abri a geladeira e na porta como de costume ficam minhas garrafinhas e fui logo bebendo, correndo como sempre, pois, já estava atrasada, daí, comecei a sentir como se tivesse engolido uma larva de vulcão que foi passando pelas vias respiratórias e aparelho digestivo e intestino queimando e me deixando gelada e uma sensação de completa anestesia, foi quando sai correndo para o quintal e comecei a gritar: socorro estou morrendo, vieram os meus queridos vizinhos e me deram leite e queriam me dar xampu para vomitar e veio outra vizinha a Maria Auxiliar de enfermagem declinou a minha cabeça para eu respirar e foi um alvoroço meus tios de 90 anos que moram no mesmo quintal também se desesperaram e queriam saber o que eu tinha tomado e telefonar para o meu filho para perguntar que liquido havia na garrafa, mas tudo ao mesmo tempo. Meriele e Benia saíram correndo para chamar a minha irmã que mora no fim da minha rua que saiu como estava e eu só clamava a Deus dizendo: O Senhor é o meu socorro bem presente na hora da angustia, não conseguia entender o que estava acontecendo comigo, pois, tinha um dia cheio há mais de treze anos fazemos o chá das mulheres que estava marcado para as 14:00h.
Chegando no Pronto Socorro logo me transportaram em uma cadeira de roda, pois não conseguia ficar de pé, até a sala de consulta e o médico Dr. André Luiz Silveira de Azevedo, a quem rendo minhas homenagens e todo agradecimento, minha irmã dizia que eu havia ingerido um veneno de boi que estava na garrafinha que na hora do tumulto consegui informar aos meus queridos que havia ingerido e estava em cima da pia e levaram com eles para o medico examinar, foi quando a enfermeira chefe chegou dizendo seu filho ligou e disse que o que havia na garrafa era formol, o médico pediu para levar a sala de emergência onde mediu a minha pressão fez as perguntas de praxe disse: vamos fazer um procedimento chato mas com resultado, onde acompanhado de três auxiliares Nathalia, Ediene e Marcelo que foram os meus “anjos” introduziram pela minha narina um tubo para fazer uma lavagem gástrica e diversos outros procedimentos. Sempre a mesma sensação de estar fora do corpo, o medico me perguntava o que eu sentia? dizia: Não sinto o meu corpo e muita náusea, meus vizinhos me disseram que fiquei na hora toda roxa e fiquei gelada e ficava suando frio.
Meu filho já estava do meu lado quando no seu celular recebi uma ligação da Regina Furtado a preletora do Chá das Mulheres dizendo tenha bom animo está escrito: “Ainda se beberes alguma coisa mortífera não lhe fará dano algum” que alivio esta palavra foi Rhema e extremamente confortante.
Quero agradecer em primeiro lugar a Deus que me deu um grande livramento de morte e depois aos meus vizinhos e a toda equipe médica que nos atendeu com muito zelo e atenção.
Lição para os Técnicos em Segurança do Trabalho enfim para todos nós:
Fica ai o exemplo de como devemos reutilizar as embalagens sim, mas tomar o cuidado de etiquetá-las e também colocar fora do alcance de leigos e principalmente crianças.
OBS. Meu filho já fez técnico em zootecnia e esta cursando Veterinária e o professor pediu para levar parasita, mas saiu muito cedo para atender uma emergência, e deixou a garrafinha em cima da mesa, estranhei o cheiro, mas pensei que fosse a minha água com gás.
No corre-corre do dia a dia e inclusive nos finais de semana onde as tarefas se acumulam para serem resolvidas, acordo no mesmo horário porque o corpo parece habituar-se à rotina e vi em cima da mesa uma garrafinha de água mineral que costumo beber no gargalo, talvez para economizar tempo de ficar enchendo copo ou também por ter adquirido este abençoado habito por dar aula no pátio interno de uma cadeia onde os bebedouros ficam distantes este é o único recurso levar garrafinhas de água cheias de água.
Bem logo pensei chi, esqueci minha garrafa de água fora da geladeira, e completei com água filtrada e coloquei de volta da geladeira.
Quando estava saindo para dar uma importante entrevista na rádio sobre o almoço do dia 22/03 da Casa Lar de Apoio a Criança e ao Adolescente que passa por uma situação extremamente frágil, pois, o governo anterior deveria ter repassado no ano de 2008 R$ 22,000,00 e só repassou R$ 2.000,00 imagina as grandes conseqüências deste descaso com as nossas crianças e m situação de risco social e familiar que estão lá abrigadas.
O fato é que abri a geladeira e na porta como de costume ficam minhas garrafinhas e fui logo bebendo, correndo como sempre, pois, já estava atrasada, daí, comecei a sentir como se tivesse engolido uma larva de vulcão que foi passando pelas vias respiratórias e aparelho digestivo e intestino queimando e me deixando gelada e uma sensação de completa anestesia, foi quando sai correndo para o quintal e comecei a gritar: socorro estou morrendo, vieram os meus queridos vizinhos e me deram leite e queriam me dar xampu para vomitar e veio outra vizinha a Maria Auxiliar de enfermagem declinou a minha cabeça para eu respirar e foi um alvoroço meus tios de 90 anos que moram no mesmo quintal também se desesperaram e queriam saber o que eu tinha tomado e telefonar para o meu filho para perguntar que liquido havia na garrafa, mas tudo ao mesmo tempo. Meriele e Benia saíram correndo para chamar a minha irmã que mora no fim da minha rua que saiu como estava e eu só clamava a Deus dizendo: O Senhor é o meu socorro bem presente na hora da angustia, não conseguia entender o que estava acontecendo comigo, pois, tinha um dia cheio há mais de treze anos fazemos o chá das mulheres que estava marcado para as 14:00h.
Chegando no Pronto Socorro logo me transportaram em uma cadeira de roda, pois não conseguia ficar de pé, até a sala de consulta e o médico Dr. André Luiz Silveira de Azevedo, a quem rendo minhas homenagens e todo agradecimento, minha irmã dizia que eu havia ingerido um veneno de boi que estava na garrafinha que na hora do tumulto consegui informar aos meus queridos que havia ingerido e estava em cima da pia e levaram com eles para o medico examinar, foi quando a enfermeira chefe chegou dizendo seu filho ligou e disse que o que havia na garrafa era formol, o médico pediu para levar a sala de emergência onde mediu a minha pressão fez as perguntas de praxe disse: vamos fazer um procedimento chato mas com resultado, onde acompanhado de três auxiliares Nathalia, Ediene e Marcelo que foram os meus “anjos” introduziram pela minha narina um tubo para fazer uma lavagem gástrica e diversos outros procedimentos. Sempre a mesma sensação de estar fora do corpo, o medico me perguntava o que eu sentia? dizia: Não sinto o meu corpo e muita náusea, meus vizinhos me disseram que fiquei na hora toda roxa e fiquei gelada e ficava suando frio.
Meu filho já estava do meu lado quando no seu celular recebi uma ligação da Regina Furtado a preletora do Chá das Mulheres dizendo tenha bom animo está escrito: “Ainda se beberes alguma coisa mortífera não lhe fará dano algum” que alivio esta palavra foi Rhema e extremamente confortante.
Quero agradecer em primeiro lugar a Deus que me deu um grande livramento de morte e depois aos meus vizinhos e a toda equipe médica que nos atendeu com muito zelo e atenção.
Lição para os Técnicos em Segurança do Trabalho enfim para todos nós:
Fica ai o exemplo de como devemos reutilizar as embalagens sim, mas tomar o cuidado de etiquetá-las e também colocar fora do alcance de leigos e principalmente crianças.
OBS. Meu filho já fez técnico em zootecnia e esta cursando Veterinária e o professor pediu para levar parasita, mas saiu muito cedo para atender uma emergência, e deixou a garrafinha em cima da mesa, estranhei o cheiro, mas pensei que fosse a minha água com gás.
terça-feira, 10 de março de 2009
Da fria lei ao encontro com o olhar da vítima
Da fria lei ao encontro com o olhar da vítima
Antonio Carlos Ribeiro (jornalista e pastor)
O caso da interrupção da gravidez da menina de nove anos em Recife cria a oportunidade para debater o limite da moral diante da ética e o confronto da theologia gloriae com a theologiae crucis.
A moral é baseada em costumes, associada a práticas aceitas por uma comunidade, transformadas em normas últimas pelo tribunal autoritário do senso comum e brandidas pelos governos. Inclusive os ditos espirituais. Um caso recente foi a pífia defesa da manutenção do sofrimento de Eluana Englaro, por Berlusconi.
Já a ética, que é eminentemente laica, lembrou o filósofo Massimo Cacciari, não se entrega a afirmações abstratas, mas enfrenta situações precisas e historicamente determinadas.
Constatada a violência sexual, praticada há três anos pelo padrasto da menina, chegou-se ao dilema humano, enunciado como sentença pelo médico Thomaz Rafael Gollop, livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP): o útero infantil tem em média um terço do volume do adulto. Trata-se da gravidez de gêmeos. Poderia ocorrer a ruptura uterina.
O presidente da Comissão Nacional de Violência Sexual da Federação de Ginecologia e Obstetrícia, Cristião Rosas, disse que a gestação de gêmeos sobrecarrega o músculo cardíaco, pelo aumento do volume de sangue circulante. "Essa sobrecarga pode ser fatal quando a gestante é uma criança", assinalou.
Além dos diagnósticos especializados, surge o depoimento de Rivaldo Mendes de Albuquerque, médico e professor de ciências médicas da Universidade Estadual de Pernambuco, um dos profissionais que tomou parte da interrupção da gestação na criança.
Católico praticante, ele vai à missa todo domingo para pedir "luz e compreensão". Diante desse trágico quadro, assumiu o risco da excomunhão da igreja e da plena comunhão com a humanidade, diante da qual fez outro diagnóstico definitivo, só que teológico: "Tenho pena do nosso arcebispo, que não conseguiu ser misericordioso com o sofrimento de uma criança inocente, desnutrida, franzina, em risco de vida, que sofre violência desde os seus seis anos". A ética do médico impõe-se diante da moral do funcionário do sagrado. Sem tempo para raciocínios abstratos e nem cativo da visão do Cristo glorificado – em vestes da realeza, cercado de anjos e à direita do Pai – esse profissional da saúde desdobra-se em sua busca, no trato cotidiano com gente simples e pobre.
Ele já tinha sido excomungado “quando o serviço de atendimento a mulheres vítimas de violência sexual da Universidade Estadual de Pernambuco foi inaugurado, em 1996”, pelo mesmo arcebispo. Nutrido da comunhão humana, não alterou a rotina e nem o cuidado dedicado às vítimas. Confrontado com sua pertença a uma instituição religiosa que proíbe a interrupção da gestação em qualquer caso, o médico cotejou a moral com a ética:
“Quando comecei a trabalhar neste programa, conversei com minha mãe, então com 80 anos, católica praticante. Perguntei se me condenaria por interromper a gestação de mulheres estupradas. Ela me disse que não. Que, se fosse com ela, gostaria de encontrar um médico compassivo com sua situação. A mesma pergunta fiz à minha mulher - mesma resposta. Tenho duas filhas. O que faço por outras mulheres é o que eu gostaria que fizessem pelos meus entes queridos, se com eles ocorresse uma tragédia dessas”. Mais próximo do que Lutero chamou de theologia crucis, o médico não fugiu a seu ofício e nem deliciou-se nos salamaleques sagrados. Ele manteve o olhar no rosto da vítima, sem desviá-lo e nem deixá-lo perder-se em brumas de arrazoados jurídicos disfarçados de teologia.
Mais próximo do Reino, ele seguiu o conselho de Levinas, sem descompromissar-se com o olhar sofrido da criança, “típica vítima da miséria. A mãe pensava que a barriga era decorrência de vermes, por isso não tomou providências antes. É uma criança desnutrida, que ainda brinca com boneca”. Seu serviço médico salvou-lhe a vida. Diferente do religioso – que sequer dirigiu uma palavra pastoral à família, ateve-se à praxe de procurar o reitor da universidade, e brandir a excomunhão, sem encontrar quem a temesse.
O médico lembrou que o setor não recebe “um único centavo a mais para fazer esse tipo de intervenção. Fazemos pelo respeito que uma mulher vítima de violência merece, e que o arcebispo, infelizmente, trata sem nenhuma misericórdia”. E disparou, certeiro e definitivo: “Falta-lhe coração”. O cura d’almas não tem alma. Típica parábola do bom samaritano em linguagem e contexto modernos, faltou fazer a pergunta de Jesus ao mestre da lei: Quem foi o próximo daquela menina? Um ser humano na função de médico.
Se o religioso não se deixar interpelar pelo evangelho, logo começa a fazer sentido o conselho do cantor Zé Geraldo, na letra de O pastor e o rebanho: “Ó pastor, se não tens capacidade de cuidar desse rebanho sem maldade, deixe que entre outro pastor em seu lugar!
Publicado no Jornal alcnoticias de Maceio.
Fico pensando se Jesus estivesse presente nessa situação O Que Jesus Faria?
Antonio Carlos Ribeiro (jornalista e pastor)
O caso da interrupção da gravidez da menina de nove anos em Recife cria a oportunidade para debater o limite da moral diante da ética e o confronto da theologia gloriae com a theologiae crucis.
A moral é baseada em costumes, associada a práticas aceitas por uma comunidade, transformadas em normas últimas pelo tribunal autoritário do senso comum e brandidas pelos governos. Inclusive os ditos espirituais. Um caso recente foi a pífia defesa da manutenção do sofrimento de Eluana Englaro, por Berlusconi.
Já a ética, que é eminentemente laica, lembrou o filósofo Massimo Cacciari, não se entrega a afirmações abstratas, mas enfrenta situações precisas e historicamente determinadas.
Constatada a violência sexual, praticada há três anos pelo padrasto da menina, chegou-se ao dilema humano, enunciado como sentença pelo médico Thomaz Rafael Gollop, livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP): o útero infantil tem em média um terço do volume do adulto. Trata-se da gravidez de gêmeos. Poderia ocorrer a ruptura uterina.
O presidente da Comissão Nacional de Violência Sexual da Federação de Ginecologia e Obstetrícia, Cristião Rosas, disse que a gestação de gêmeos sobrecarrega o músculo cardíaco, pelo aumento do volume de sangue circulante. "Essa sobrecarga pode ser fatal quando a gestante é uma criança", assinalou.
Além dos diagnósticos especializados, surge o depoimento de Rivaldo Mendes de Albuquerque, médico e professor de ciências médicas da Universidade Estadual de Pernambuco, um dos profissionais que tomou parte da interrupção da gestação na criança.
Católico praticante, ele vai à missa todo domingo para pedir "luz e compreensão". Diante desse trágico quadro, assumiu o risco da excomunhão da igreja e da plena comunhão com a humanidade, diante da qual fez outro diagnóstico definitivo, só que teológico: "Tenho pena do nosso arcebispo, que não conseguiu ser misericordioso com o sofrimento de uma criança inocente, desnutrida, franzina, em risco de vida, que sofre violência desde os seus seis anos". A ética do médico impõe-se diante da moral do funcionário do sagrado. Sem tempo para raciocínios abstratos e nem cativo da visão do Cristo glorificado – em vestes da realeza, cercado de anjos e à direita do Pai – esse profissional da saúde desdobra-se em sua busca, no trato cotidiano com gente simples e pobre.
Ele já tinha sido excomungado “quando o serviço de atendimento a mulheres vítimas de violência sexual da Universidade Estadual de Pernambuco foi inaugurado, em 1996”, pelo mesmo arcebispo. Nutrido da comunhão humana, não alterou a rotina e nem o cuidado dedicado às vítimas. Confrontado com sua pertença a uma instituição religiosa que proíbe a interrupção da gestação em qualquer caso, o médico cotejou a moral com a ética:
“Quando comecei a trabalhar neste programa, conversei com minha mãe, então com 80 anos, católica praticante. Perguntei se me condenaria por interromper a gestação de mulheres estupradas. Ela me disse que não. Que, se fosse com ela, gostaria de encontrar um médico compassivo com sua situação. A mesma pergunta fiz à minha mulher - mesma resposta. Tenho duas filhas. O que faço por outras mulheres é o que eu gostaria que fizessem pelos meus entes queridos, se com eles ocorresse uma tragédia dessas”. Mais próximo do que Lutero chamou de theologia crucis, o médico não fugiu a seu ofício e nem deliciou-se nos salamaleques sagrados. Ele manteve o olhar no rosto da vítima, sem desviá-lo e nem deixá-lo perder-se em brumas de arrazoados jurídicos disfarçados de teologia.
Mais próximo do Reino, ele seguiu o conselho de Levinas, sem descompromissar-se com o olhar sofrido da criança, “típica vítima da miséria. A mãe pensava que a barriga era decorrência de vermes, por isso não tomou providências antes. É uma criança desnutrida, que ainda brinca com boneca”. Seu serviço médico salvou-lhe a vida. Diferente do religioso – que sequer dirigiu uma palavra pastoral à família, ateve-se à praxe de procurar o reitor da universidade, e brandir a excomunhão, sem encontrar quem a temesse.
O médico lembrou que o setor não recebe “um único centavo a mais para fazer esse tipo de intervenção. Fazemos pelo respeito que uma mulher vítima de violência merece, e que o arcebispo, infelizmente, trata sem nenhuma misericórdia”. E disparou, certeiro e definitivo: “Falta-lhe coração”. O cura d’almas não tem alma. Típica parábola do bom samaritano em linguagem e contexto modernos, faltou fazer a pergunta de Jesus ao mestre da lei: Quem foi o próximo daquela menina? Um ser humano na função de médico.
Se o religioso não se deixar interpelar pelo evangelho, logo começa a fazer sentido o conselho do cantor Zé Geraldo, na letra de O pastor e o rebanho: “Ó pastor, se não tens capacidade de cuidar desse rebanho sem maldade, deixe que entre outro pastor em seu lugar!
Publicado no Jornal alcnoticias de Maceio.
Fico pensando se Jesus estivesse presente nessa situação O Que Jesus Faria?
sábado, 7 de março de 2009
"AI dos que coam mosquitos e engolem camelos" Mt 23,24
“Ai dos que coam mosquitos e engolem camelos” (MT 23,24)
Nota Pública sobre as declarações do presidente do STF, Gilmar Mendes
A Coordenação Nacional da CPT diante das manifestações do presidente do STF, Gilmar Mendes, vem a público se manifestar.
No dia 25 de fevereiro, à raiz da morte de quatro seguranças armados de fazendas no Pernambuco e de ocupações de terras no Pontal do Paranapanema, o ministro acusou os movimentos de praticarem ações ilegais e criticou o poder executivo de cometer ato ilícito por repassar recursos públicos para quem, segundo ele, pratica ações ilegais. Cobrou do Ministério Público investigação sobre tais repasses. No dia 4 de março, voltou à carga discordando do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para quem o repasse de dinheiro público a entidades que “invadem” propriedades públicas ou privadas, como o MST, não deve ser classificado automaticamente como crime.O ministro, então, anunciou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do qual ele mesmo é presidente, de recomendar aos tribunais de todo o país que seja dada prioridade a ações sobre conflitos fundiários.
Esta medida de dar prioridade aos conflitos agrários era mais do que necessária. Quem sabe com ela aconteça o julgamento das apelações dos responsáveis pelo massacre de Eldorado de Carajás, (PA), sucedido em 1996; tenha um desfecho o processo do massacre de Corumbiara, (RO), (1995); seja por fim julgada a chacina dos fiscais do Ministério do Trabalho, em Unaí, MG (2004); seja também julgado o massacre de sem terras, em Felisburgo (MG) 2004; o mesmo acontecendo com o arrastado julgamento do assassinato de Irmã Dorothy Stang, em Anapu (PA) no ano de2005, e cuja federalização foi negada pelo STJ, em 2005.
Quem sabe com esta medida possam ser analisados os mais de mil e quinhentos casos de assassinato de trabalhadores do campo. A CPT, com efeito, registrou de 1985 a 2007, 1.117 ocorrências de conflitos com a morte de 1.493 trabalhadores. (Em 2008, ainda dados parciais, são 23 os assassinatos). Destas 1.117 ocorrências, só 85 foram julgadas até hoje, tendo sido condenados 71 executores dos crimes e absolvidos 49 e condenados somente 19 mandantes, dos quais nenhum se encontra preso. Ou aguardam julgamento das apelações em liberdade, ou fugiram da prisão, muitas vezes pela porta da frente, ou morreram.
Causa estranheza, porém, o fato desta medida estar sendo tomada neste momento. A prioridade pedida pelo CNJ será para o conjunto dos conflitos fundiários ou para levantar as ações dos sem terra a fim de incriminá-los? Pelo que se pode deduzir da fala do presidente do STF, “faltam só dois anos para o fim do governo Lula”... e não se pode esperar, “pois estamos falando de mortes” nos parece ser a segunda alternativa, pois conflitos fundiários, seguidos de mortes, são constantes. Alguém já viu, por acaso, este presidente do Supremo se levantar contra a violência que se abate sobre os trabalhadores do campo, ou denunciar a grilagem de terras públicas, ou cobrar medidas contra os fazendeiros que exploram mão-de-obra escrava?
Ao contrário, o ministro vem se mostrando insistentemente zeloso em cobrar do governo as migalhas repassadas aos movimentos que hoje abastecem dezenas de cidades brasileiras com os produtos dos seus assentamentos, que conseguiram, com sua produção, elevar a renda de diversos municípios, além de suprirem o poder público em ações de educação, de assistência técnica, e em ações comunitárias. O ministro não faz a mesma cobrança em relação ao repasse de vultosos recursos ao agronegócio e às suas entidades de classe.
Pelas intervenções do ministro se deduz que ele vê na organização dos trabalhadores sem terra, sobretudo no MST, uma ameaça constante aos direitos constitucionais.
O ministro Gilmar Mendes não esconde sua parcialidade e de que lado está. Como grande proprietário de terra no Mato Grosso ele é um representante das elites brasileiras, ciosas dos seus privilégios. Para ele e para elas os que valem, são os que impulsionam o “progresso”, embora ao preço do desvio de recursos, da grilagem de terras, da destruição do meio-ambiente, e da exploração da mão de obra em condições análogas às de trabalho escravo. Gilmar Mendes escancara aos olhos da Nação a realidade do poder judiciário que, com raras exceções, vem colocando o direito à propriedade da terra como um direito absoluto e relativiza a sua função social. O poder judiciário, na maioria das vezes leniente com a classe dominante é agílimo para atender suas demandas contra os pequenos e extremamente lento ou omisso em face das justas reivindicações destes. Exemplo disso foi a veloz libertação do banqueiro Daniel Dantas, também grande latifundiário no Pará, mesmo pesando sobre ele acusações muito sérias, inclusive de tentativa de corrupção.
O Evangelho é incisivo ao denunciar a hipocrisia reinante nas altas esferas do poder: “Ai de vocês, guias cegos, vocês coam um mosquito, mas engolem um camelo” (MT 23,23-24).
Que o Deus de Justiça ilumine nosso País e o livre de juízes como Gilmar Mendes!
Goiânia, 6 de março de 2009.
Dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges
Presidente da Comissão Pastoral da Terra
Nota Pública sobre as declarações do presidente do STF, Gilmar Mendes
A Coordenação Nacional da CPT diante das manifestações do presidente do STF, Gilmar Mendes, vem a público se manifestar.
No dia 25 de fevereiro, à raiz da morte de quatro seguranças armados de fazendas no Pernambuco e de ocupações de terras no Pontal do Paranapanema, o ministro acusou os movimentos de praticarem ações ilegais e criticou o poder executivo de cometer ato ilícito por repassar recursos públicos para quem, segundo ele, pratica ações ilegais. Cobrou do Ministério Público investigação sobre tais repasses. No dia 4 de março, voltou à carga discordando do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para quem o repasse de dinheiro público a entidades que “invadem” propriedades públicas ou privadas, como o MST, não deve ser classificado automaticamente como crime.O ministro, então, anunciou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do qual ele mesmo é presidente, de recomendar aos tribunais de todo o país que seja dada prioridade a ações sobre conflitos fundiários.
Esta medida de dar prioridade aos conflitos agrários era mais do que necessária. Quem sabe com ela aconteça o julgamento das apelações dos responsáveis pelo massacre de Eldorado de Carajás, (PA), sucedido em 1996; tenha um desfecho o processo do massacre de Corumbiara, (RO), (1995); seja por fim julgada a chacina dos fiscais do Ministério do Trabalho, em Unaí, MG (2004); seja também julgado o massacre de sem terras, em Felisburgo (MG) 2004; o mesmo acontecendo com o arrastado julgamento do assassinato de Irmã Dorothy Stang, em Anapu (PA) no ano de2005, e cuja federalização foi negada pelo STJ, em 2005.
Quem sabe com esta medida possam ser analisados os mais de mil e quinhentos casos de assassinato de trabalhadores do campo. A CPT, com efeito, registrou de 1985 a 2007, 1.117 ocorrências de conflitos com a morte de 1.493 trabalhadores. (Em 2008, ainda dados parciais, são 23 os assassinatos). Destas 1.117 ocorrências, só 85 foram julgadas até hoje, tendo sido condenados 71 executores dos crimes e absolvidos 49 e condenados somente 19 mandantes, dos quais nenhum se encontra preso. Ou aguardam julgamento das apelações em liberdade, ou fugiram da prisão, muitas vezes pela porta da frente, ou morreram.
Causa estranheza, porém, o fato desta medida estar sendo tomada neste momento. A prioridade pedida pelo CNJ será para o conjunto dos conflitos fundiários ou para levantar as ações dos sem terra a fim de incriminá-los? Pelo que se pode deduzir da fala do presidente do STF, “faltam só dois anos para o fim do governo Lula”... e não se pode esperar, “pois estamos falando de mortes” nos parece ser a segunda alternativa, pois conflitos fundiários, seguidos de mortes, são constantes. Alguém já viu, por acaso, este presidente do Supremo se levantar contra a violência que se abate sobre os trabalhadores do campo, ou denunciar a grilagem de terras públicas, ou cobrar medidas contra os fazendeiros que exploram mão-de-obra escrava?
Ao contrário, o ministro vem se mostrando insistentemente zeloso em cobrar do governo as migalhas repassadas aos movimentos que hoje abastecem dezenas de cidades brasileiras com os produtos dos seus assentamentos, que conseguiram, com sua produção, elevar a renda de diversos municípios, além de suprirem o poder público em ações de educação, de assistência técnica, e em ações comunitárias. O ministro não faz a mesma cobrança em relação ao repasse de vultosos recursos ao agronegócio e às suas entidades de classe.
Pelas intervenções do ministro se deduz que ele vê na organização dos trabalhadores sem terra, sobretudo no MST, uma ameaça constante aos direitos constitucionais.
O ministro Gilmar Mendes não esconde sua parcialidade e de que lado está. Como grande proprietário de terra no Mato Grosso ele é um representante das elites brasileiras, ciosas dos seus privilégios. Para ele e para elas os que valem, são os que impulsionam o “progresso”, embora ao preço do desvio de recursos, da grilagem de terras, da destruição do meio-ambiente, e da exploração da mão de obra em condições análogas às de trabalho escravo. Gilmar Mendes escancara aos olhos da Nação a realidade do poder judiciário que, com raras exceções, vem colocando o direito à propriedade da terra como um direito absoluto e relativiza a sua função social. O poder judiciário, na maioria das vezes leniente com a classe dominante é agílimo para atender suas demandas contra os pequenos e extremamente lento ou omisso em face das justas reivindicações destes. Exemplo disso foi a veloz libertação do banqueiro Daniel Dantas, também grande latifundiário no Pará, mesmo pesando sobre ele acusações muito sérias, inclusive de tentativa de corrupção.
O Evangelho é incisivo ao denunciar a hipocrisia reinante nas altas esferas do poder: “Ai de vocês, guias cegos, vocês coam um mosquito, mas engolem um camelo” (MT 23,23-24).
Que o Deus de Justiça ilumine nosso País e o livre de juízes como Gilmar Mendes!
Goiânia, 6 de março de 2009.
Dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges
Presidente da Comissão Pastoral da Terra
Acho um absurdo esta criminalização dos movimentos populares e sociais.
Valeu esta reação da CPT, é muito pertinente, e já estava passando da hora deste manifesto sair e também de chamarmos a todos para a união urgente contra estas e outras tentativas de minar e calar a as vozes roucas das ruas. Vamos somar já.
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