Ricardo Gondim
Cansei!
Entendo que o mundo evangélico não admite que um pastor confesse o seu cansaço. Conheço as várias passagens da Bíblia que prometem restaurar os trôpegos.
Compreendo que o profeta Isaías ensina que Deus restaura as forças do que não tem nenhum vigor. Também estou informado de que Jesus dá alívio para os cansados. Por isso, já me preparo para as censuras dos que se escandalizarem com a minha confissão e me considerarem um derrotista. Contudo, não consigo dissimular: eu me acho exausto.
Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação.
Continuo entusiasmado pelo que faço; amo o meu Deus, bem como minha família e amigos. Permaneço esperançoso. Minha fadiga nasce de outras fontes.
Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não aguento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Essa possibilidade mágica de reverter uma realidade cruel me deixa arrasado porque sei que é uma propaganda enganosa. Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho; gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos. Considero os amuletos evangélicos horríveis.
Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.
Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não aguento mais cultos de amarrar demónios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.
Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento “científico” da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças.
Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual.
Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas “caiam sob o poder de Deus” para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.
Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens electrónicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar “piercing”, fazer tatuagem, se tratar com acupunctura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível.
Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre; que não pensa em grandes temas.
Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.
Canso com os livros evangélicos traduzidos para o português. Não tanto pelas traduções mal feitas, tampouco pelos exemplos tirados do golfe ou do basebol, que nada têm a ver com a nossa realidade. Canso com os pacotes prontos e com o pragmatismo. Já não aguento mais livros com dez leis ou vinte e um passos para qualquer coisa. Não consigo entender como uma igreja tão vibrante como a brasileira precisa copiar os exemplos lá do norte, onde a abundância é tanta que os profetas denunciam o pecado da complacência entre os crentes.
Cansei de ter de opinar se concordo ou não com um novo modelo de crescimento de igreja copiado e que vem sendo adaptado no Brasil.
Canso com a falta de beleza artística dos evangélicos. Há pouco compareci a um show de música evangélica só para sair arrasado. A musicalidade era medíocre, a poesia sofrível e, pior, percebia-se o interesse comercial por trás do evento. Quão diferente do dia em que me sentei na Sala São Paulo para ouvir a música que Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs sobre os últimos capítulos do Evangelho de São João. Sob a batuta do maestro, subimos o Gólgota. A sala se encheu de um encanto mágico já nos primeiros acordes; fechei os olhos e me senti em um templo. O maestro era um sacerdote e nós, a plateia, uma assembleia de adoradores. Não consegui conter minhas lágrimas nos movimentos dos violinos, dos oboés e das trompas. Aquela beleza não era deste mundo. Envoltos em mistério, transcendíamos a mecânica da vida e nos transportávamos para onde Deus habita. Minhas lágrimas naquele momento também vinham com pesar pelo distanciamento estético da actual cultura evangélica, contente com tão pouca beleza.
Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja. Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente.
Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos.
Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei das vaidades académicas e dos mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo.
Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Decidi lutar para não atrofiar o meu coração.
Por isso, opto por não participar de uma máquina religiosa que fabrica ícones. Não brigarei pelos primeiros lugares nas festas solenes patrocinadas por gente importante. Jamais oferecerei meu nome para compor a lista dos prelectores de qualquer conferência. Abro mão de querer adornar meu nome com títulos de qualquer espécie. Não desejo ganhar aplausos de auditórios famosos.
Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.
Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda; romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias; voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.
Soli Deo Gloria Ricardo.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
IGREJAS FAZEM CRITICA Á ECONOMIA
17/2/2010
Igrejas fazem crítica à economia
A Campanha da Fraternidade de 2010 coloca a partir de hoje a ética cristã em guerra com o espírito do capitalismo. Contando neste ano com o reforço de cinco igrejas além da Católica, a mobilização tem como alvo o modelo econômico vigente e como mote o versículo de Mateus segundo o qual não se pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Na mira de bispos, pastores e reverendos figuram inimigos como a ânsia por lucro, o agronegócio, o capital especulativo, o consumismo e o sistema financeiro internacional.
A reportagem é de Itamar Melo e publicada pelo jornal Zero Hora, 17-02-2010.
Pela terceira vez na história, a campanha não é promovida apenas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o órgão máximo da Igreja Católica no país. Como já havia ocorrido em 2000 e 2005, tem um caráter ecumênico. A organização passou para as mãos do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), que além dos católicos abrange os membros da Igreja Cristã Reformada, da Igreja Anglicana, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e da Igreja Presbiteriana Unida.
– A campanha ecumênica é um testemunho de que as igrejas podem trabalhar em conjunto pelo bem comum, passando por cima das diferenças – diz o reverendo anglicano Luiz Alberto Barbosa, secretário-geral do Conic.
Responsável por comandar a campanha deste ano, ele reconhece seu caráter utópico. O objetivo é substituir o modelo econômico baseado no lucro por um outro, voltado para o bem-estar das pessoas. Em lugar dos bancos, da globalização, do agronegócio e da movimentação de capitais, entram em cena cooperativas, redes solidárias, agricultura familiar e iniciativas de microcrédito. Barbosa diz que não se trata de uma crítica às políticas do governo:
– A crítica é ao modelo que coloca o lucro acima do ser humano.
Uma análise de documentos e materiais da Campanha da Fraternidade deste ano revela uma sintonia com o discurso adotado por entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ou eventos como Fórum Social Mundial (FSM). Barbosa reconhece a conexão. Observa que sacerdotes estiveram na origem da fundação do Partido dos Trabalhadores e que as comunidades eclesiais de base estão em contato com movimentos, como o dos sem-terra.
Católico faz restrição
Repleta de pontos de vistas polêmicos, a campanha foi recebida com ressalvas pela Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas de Porto Alegre. O presidente, José Antônio Celia, compartilha da ideia de que a economia tem de estar a serviço do homem e se junta à crítica à ganância e ao individualismo. Mas faz restrições a alguns pontos, como a demonização do lucro, o ataque ao agronegócio e à globalização.
– O Brasil não pode prescindir do agronegócio, como não pode prescindir da agricultura familiar – diz.
O secretário-geral do Conic, garante que a Campanha da Fraternidade tem também um caráter interno. Segundo ele, as igrejas não esqueceram de seu telhado de vidro de práticas capitalistas:
– Estamos dando um puxão de orelha em nós mesmos.
Voz do agronegócio, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, ex-ministro da Agricultura, faz um ataque mais direto à reforma agrária como melhor antídoto contra a fome no Brasil.
– A reforma agrária nada tem a ver com alimento para o povo, é uma reforma política com outros interesses – critica.
Depois do auge da crise financeira, até cenários consagrados de defesa do livre mercado mudaram de discurso, se aproximando da ideia de reformulação. Foi o caso do Fórum Econômico Mundial realizado anualmente em Davos (Suíça), tanto na edição de 2009 quanto de 2010.
O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero considera a temática da campanha oportuna:
– Acredito que possa desencadear reflexão. Enquanto tudo ia bem, o fundamentalismo do mercado era correto. É bom aproveitar o momento para mostrar que é necessário ter uma economia diferente.
Utopia nas igrejas
Sob o título acima, Rosane de Oliveira, jornalista, no comentário diário publicado no jornal Zero Hora, 17-02-2010, critica a Campanha da Fraternidade deste ano. "Com o tema Economia e Vida e ideias que parecem ter saído de documentos do Fórum Social Mundial, do programa de um partido socialista, de um congresso de estudantes ou mesmo de uma reunião do MST, a Campanha da Fraternidade 2010, que será lançada hoje, tem potencial para acender polêmicas em todos os cantos do país". Segundo ela, "há um certo romantismo nas teses desta Campanha da Fraternidade. Por mais que se valorize a agricultura familiar, que gera milhões de postos de trabalho, o país não pode prescindir do agronegócio. A convivência entre os dois modelos é mais salutar do que a eliminação de um ou de outro".
Penso que:
Com romantismo ou sem romantismo, o importante é o que tema seja discutido e aprofundado , ainda que pese cortamos na própria carne, onde estamos vivendo um dos periodos mais ricos em transformações e o inicio de uma tentativa de distribuição de renda atraves dos diversos programos e projetos do governo Lula.
Fico feliz em ver a unidade das igrejas cumprindo um desejo de Jesus escrito no livro de João I:17 (para que todos sejam um).
Igrejas fazem crítica à economia
A Campanha da Fraternidade de 2010 coloca a partir de hoje a ética cristã em guerra com o espírito do capitalismo. Contando neste ano com o reforço de cinco igrejas além da Católica, a mobilização tem como alvo o modelo econômico vigente e como mote o versículo de Mateus segundo o qual não se pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Na mira de bispos, pastores e reverendos figuram inimigos como a ânsia por lucro, o agronegócio, o capital especulativo, o consumismo e o sistema financeiro internacional.
A reportagem é de Itamar Melo e publicada pelo jornal Zero Hora, 17-02-2010.
Pela terceira vez na história, a campanha não é promovida apenas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o órgão máximo da Igreja Católica no país. Como já havia ocorrido em 2000 e 2005, tem um caráter ecumênico. A organização passou para as mãos do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), que além dos católicos abrange os membros da Igreja Cristã Reformada, da Igreja Anglicana, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia e da Igreja Presbiteriana Unida.
– A campanha ecumênica é um testemunho de que as igrejas podem trabalhar em conjunto pelo bem comum, passando por cima das diferenças – diz o reverendo anglicano Luiz Alberto Barbosa, secretário-geral do Conic.
Responsável por comandar a campanha deste ano, ele reconhece seu caráter utópico. O objetivo é substituir o modelo econômico baseado no lucro por um outro, voltado para o bem-estar das pessoas. Em lugar dos bancos, da globalização, do agronegócio e da movimentação de capitais, entram em cena cooperativas, redes solidárias, agricultura familiar e iniciativas de microcrédito. Barbosa diz que não se trata de uma crítica às políticas do governo:
– A crítica é ao modelo que coloca o lucro acima do ser humano.
Uma análise de documentos e materiais da Campanha da Fraternidade deste ano revela uma sintonia com o discurso adotado por entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ou eventos como Fórum Social Mundial (FSM). Barbosa reconhece a conexão. Observa que sacerdotes estiveram na origem da fundação do Partido dos Trabalhadores e que as comunidades eclesiais de base estão em contato com movimentos, como o dos sem-terra.
Católico faz restrição
Repleta de pontos de vistas polêmicos, a campanha foi recebida com ressalvas pela Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas de Porto Alegre. O presidente, José Antônio Celia, compartilha da ideia de que a economia tem de estar a serviço do homem e se junta à crítica à ganância e ao individualismo. Mas faz restrições a alguns pontos, como a demonização do lucro, o ataque ao agronegócio e à globalização.
– O Brasil não pode prescindir do agronegócio, como não pode prescindir da agricultura familiar – diz.
O secretário-geral do Conic, garante que a Campanha da Fraternidade tem também um caráter interno. Segundo ele, as igrejas não esqueceram de seu telhado de vidro de práticas capitalistas:
– Estamos dando um puxão de orelha em nós mesmos.
Voz do agronegócio, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, ex-ministro da Agricultura, faz um ataque mais direto à reforma agrária como melhor antídoto contra a fome no Brasil.
– A reforma agrária nada tem a ver com alimento para o povo, é uma reforma política com outros interesses – critica.
Depois do auge da crise financeira, até cenários consagrados de defesa do livre mercado mudaram de discurso, se aproximando da ideia de reformulação. Foi o caso do Fórum Econômico Mundial realizado anualmente em Davos (Suíça), tanto na edição de 2009 quanto de 2010.
O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero considera a temática da campanha oportuna:
– Acredito que possa desencadear reflexão. Enquanto tudo ia bem, o fundamentalismo do mercado era correto. É bom aproveitar o momento para mostrar que é necessário ter uma economia diferente.
Utopia nas igrejas
Sob o título acima, Rosane de Oliveira, jornalista, no comentário diário publicado no jornal Zero Hora, 17-02-2010, critica a Campanha da Fraternidade deste ano. "Com o tema Economia e Vida e ideias que parecem ter saído de documentos do Fórum Social Mundial, do programa de um partido socialista, de um congresso de estudantes ou mesmo de uma reunião do MST, a Campanha da Fraternidade 2010, que será lançada hoje, tem potencial para acender polêmicas em todos os cantos do país". Segundo ela, "há um certo romantismo nas teses desta Campanha da Fraternidade. Por mais que se valorize a agricultura familiar, que gera milhões de postos de trabalho, o país não pode prescindir do agronegócio. A convivência entre os dois modelos é mais salutar do que a eliminação de um ou de outro".
Penso que:
Com romantismo ou sem romantismo, o importante é o que tema seja discutido e aprofundado , ainda que pese cortamos na própria carne, onde estamos vivendo um dos periodos mais ricos em transformações e o inicio de uma tentativa de distribuição de renda atraves dos diversos programos e projetos do governo Lula.
Fico feliz em ver a unidade das igrejas cumprindo um desejo de Jesus escrito no livro de João I:17 (para que todos sejam um).
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Cinco anos sem a Ir. Doroty
Ir. Dorothy, Exemplo de Vida religiosa e Profetismo
“Não desanimou, não se calou, não se acovardou, não morreu. Sim, Ir. Dorothy não morreu, continua viva em cada um que não deixa de lutar pelo ideal que sempre pautou sua vida, estar ao lado dos que não têm voz nem vez”, afirma Pe. Carlos Augusto Azevedo da Silva, Presbítero incardinado na Arquidiocese de Belém e pároco de Sta. Maria Goretti, no bairro do Guamá em artigo no blog Comitê Dorothy, 10-02-2010.
Eis o artigo.
“Não desanimou, não se calou, não se acovardou, não morreu. Sim, Ir. Dorothy não morreu, continua viva em cada um que não deixa de lutar pelo ideal que sempre pautou sua vida, estar ao lado dos que não têm voz nem vez”, afirma Pe. Carlos Augusto Azevedo da Silva, Presbítero incardinado na Arquidiocese de Belém e pároco de Sta. Maria Goretti, no bairro do Guamá em artigo no blog Comitê Dorothy, 10-02-2010.
Eis o artigo.
Neste 12 de fevereiro de 2010, celebramos cinco anos do brutal extermínio de Ir. Dorothy Stang, missionária norte-americana que atuava em Anapú – PA. No entanto, mesmo após cinco anos de morte, Dorothy vive! A tentativa de calar aquela que era a voz forte dos camponeses, que não tinham a quem recorrer diante de tanta injustiça e humilhação que vinham sofrendo durante anos, se transformou grande fracasso. Fracassaram os matadores, mandantes, grileiros, madeireiros, grande proprietários de terra, influentes políticos, todos que tentaram calar Ir. Dorothy fracassaram, pois sua voz continua a ressoar, agora de forma mais forte e mais clara, multiplicando-se a cada dia através da voz de homens e mulheres de boa vontade que ao conhecer a luta daquele povo que Dorothy tanto amava, engrossam a fileira dos que lutam por um Pará onde reinam a justiça e a paz.
O martírio de Ir. Dorothy é fruto de uma vida doada pelo anúncio do Evangelho. Anunciar o Amor e denunciar a Injustiça que gera a morte. Essa é a missão dos profetas do nosso tempo, e assim foi a vida de Ir. Dorothy. A vida religiosa fundamenta-se no próprio Cristo, que em sua vida não se cansou de anunciar o Reino e denunciar os erros de uma religião opressiva. O Reino anunciado e inaugurado por Cristo Jesus não se tratava de uma utopia, de um sonho, mas era realidade já vivenciada por aqueles que com ele conviveram.
Esse exemplo que nos vem do Senhor era vivido em toda sua intensidade e sinceridade na vida de Dorothy. No seu jeito simples e acolhedor vivendo pobre com os pobres, partilhando da vida do povo sofrido da Amazônia, porém dando-lhes oportunidade de vislumbrar um novo horizonte, onde o desenvolvimento não se dá através da destruição da floresta, mas da convivência do homem com a mata e com tudo o que ela pode nos oferecer enquanto ainda está de pé. Essa idéia mexeu com todos aqueles que sempre defenderam a bandeira da destruição para o progresso. Mexeu com ricos e poderosos, no entanto, o pior de tudo para eles foi perceber que o que ela defendia era possível, uma forma de manejo sustentável da floresta, que eles viam como obstáculo para o desenvolvimento da região.
Foram grandes os obstáculos enfrentados por ela para dar voz ao povo da floresta, mas ela conseguiu e ainda consegue. Não desanimou, não se calou, não se acovardou, não morreu. Sim, Ir. Dorothy não morreu, continua viva em cada um que não deixa de lutar pelo ideal que sempre pautou sua vida, estar ao lado dos que não têm voz nem vez. Continua viva cada vez que fazemos o mundo lançar um olhar sobre o povo amazônida, o povo simples da floresta, que viva da floresta viva.
A vida religiosa deve ser pautada na vivência concreta do Evangelho, assumindo assim, uma postura profética diante da sociedade em que vivemos, não se calando diante das injustiças e buscando meios eficazes de fazer valer o direito fundamental da pessoa humana, que é o direito à vida. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. A vida religiosa tem seu fundamento no próprio Cristo que veio dar vida ao mundo que jaz na sombra do pecado e da morte. Através do testemunho concreto de sua vida o religioso deve transparecer o rosto do próprio Cristo, que é vida para o seu povo.
O profetismo entra então, como conseqüência imediata do viver em Cristo. É impossível seguir Cristo e se acovardar diante da injustiça. O seguimento gera uma configuração ao mestre. Somos Configurados a Ele e Dele aurimos a força necessária para anunciar o Reino de Deus e as injustiças do mundo presente. Assim, o profeta é aquele que vive no mundo, mas não se permite escravizar por ele. Não se deixa prender nem iludir. Esse exemplo podemos ver de forma clara no testemunho da vida de Ir. Dorothy, que agora o mundo começa a conhecer. Por isso, um agricultor exclamou com grande certeza no dia de seu sepultamento: “Dorothy não foi sepultada, foi plantada”. A exemplo do grão de trigo que para dar fruto tem que cair no chão e morrer, assim o mártir-profeta, não abre mão de dar sua vida pelo Reino de Deus.
Hoje, após cinco anos, já vemos os frutos que brotam da semente Dorothy que foi plantada na terra fértil de Anapú. É o povo que não se cansa de lutar, é o mundo que se interessa por esse povo, é a vos do profeta que não pode ser calada, é a voz de Dorothy que continua a ressoar pelo mundo: “Cada dia é um desafio, nós temos que conscientizar as pessoas que tudo que precisamos é amar e cuidar da floresta”.
Assumamos nossos postos na frente de combate, sejamos também nós capazes de fazer com que a voz de dorothy não se cale, tenhamos coragem e perseverança para não deixar o sonho do povo da floresta, por conseguinte o sonho de Ir. Dorothy ser esquecido. Também nós somos chamados a ser profetas do nosso tempo! Façamos a nossa parte! Lutemos por uma amazônia viva! Lutemos por uma amazônia livre!
Lutemos por uma amazônia onde reina a justiça e impere a Paz!
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
UMA DENUNCIA A MAIS, UMA LÁGRIMA A MENOS
Carmen Silveira de Oliveira *
Adital -
O Carnaval não pode mais ser cenário de violações dos direitos de crianças e adolescentes. Bebida alcoólica e drogas vendidas ilegalmente, o trabalho infantil e, especialmente, a exploração sexual são cenas recorrentes nas estradas, ruas, passarelas, hotéis, dos botecos aos camarotes. E pior: nos acostumamos a esta visão, banalizamos a violência e até discriminamos suas vítimas. Enquanto isto, as lágrimas de milhares de meninos e meninas-Pierrot já não rolam por amor, mas por vergonha, humilhação e dor.
Este é o mote da quarta campanha de Carnaval lançada pelo governo federal, em parceria com organismos internacionais, empresas, artistas e entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente, em 12 grandes cidades, a começar por Manaus. Camisetas, tatoos, bandanas, pulseiras, banners e cartazes convidam para uma grande mobilização dos principais protagonistas para o enfrentamento: os moradores locais. É preciso que cada brasileiro saia do papel de testemunha passiva, enredado em uma cumplicidade perversa, e assuma a indignação que nos possibilite proteger crianças e adolescentes e responsabilizar seus agressores.
A campanha divulga o maior canal de denúncias que temos desde a vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente: os Conselhos Tutelares. Implantados em mais de cinco mil municípios, podem ser acionadas por qualquer cidadão. E continuamos a divulgar o Disque 100, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Desde sua inauguração, em 2003, foram mais de 2 milhões de atendimentos e cerca de 84 mil denúncias. No último ano, o aumento nas denúncias foi de mais de 30%. Ampliamos a central e o foco, passando a contar com atendimento especializado em forma de linha de ajuda também para crianças e adolescentes, bem como para os agressores, numa experiência inédita na maioria dos países.
Cabe lembrar que o Brasil sediou em novembro, no Rio de Janeiro, a maior edição do Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual. Estiveram presentes 160 delegações de países, com mais de 3.500 participantes, entre governos, organismos internacionais, universidades e representantes do Parlamento, entre outros. Inovamos com a participação de cerca de 400 adolescentes e jovens dos cinco continentes, seguindo a regra preconizada pelas Nações Unidas de "nada mais sobre eles sem eles".
Contamos, desde então, com a adesão da primeira-dama Marisa Letícia, que voltou a pautar o tema em reunião com mais de 500 primeiras-damas, no encontro do presidente Lula com prefeitos e prefeitas, ratificando o compromisso assumido por ele de priorizar em seu governo o enfrentamento da exploração sexual. Neste carnaval, renovamos a convocação para que todos se engajem na defesa do direito de crianças e adolescentes crescerem de forma saudável e protegida. Faça a sua parte: teremos uma denúncia a mais e uma lágrima a menos.
* Sub-Secretária de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescentes/Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Adital -
O Carnaval não pode mais ser cenário de violações dos direitos de crianças e adolescentes. Bebida alcoólica e drogas vendidas ilegalmente, o trabalho infantil e, especialmente, a exploração sexual são cenas recorrentes nas estradas, ruas, passarelas, hotéis, dos botecos aos camarotes. E pior: nos acostumamos a esta visão, banalizamos a violência e até discriminamos suas vítimas. Enquanto isto, as lágrimas de milhares de meninos e meninas-Pierrot já não rolam por amor, mas por vergonha, humilhação e dor.
Este é o mote da quarta campanha de Carnaval lançada pelo governo federal, em parceria com organismos internacionais, empresas, artistas e entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente, em 12 grandes cidades, a começar por Manaus. Camisetas, tatoos, bandanas, pulseiras, banners e cartazes convidam para uma grande mobilização dos principais protagonistas para o enfrentamento: os moradores locais. É preciso que cada brasileiro saia do papel de testemunha passiva, enredado em uma cumplicidade perversa, e assuma a indignação que nos possibilite proteger crianças e adolescentes e responsabilizar seus agressores.
A campanha divulga o maior canal de denúncias que temos desde a vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente: os Conselhos Tutelares. Implantados em mais de cinco mil municípios, podem ser acionadas por qualquer cidadão. E continuamos a divulgar o Disque 100, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Desde sua inauguração, em 2003, foram mais de 2 milhões de atendimentos e cerca de 84 mil denúncias. No último ano, o aumento nas denúncias foi de mais de 30%. Ampliamos a central e o foco, passando a contar com atendimento especializado em forma de linha de ajuda também para crianças e adolescentes, bem como para os agressores, numa experiência inédita na maioria dos países.
Cabe lembrar que o Brasil sediou em novembro, no Rio de Janeiro, a maior edição do Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual. Estiveram presentes 160 delegações de países, com mais de 3.500 participantes, entre governos, organismos internacionais, universidades e representantes do Parlamento, entre outros. Inovamos com a participação de cerca de 400 adolescentes e jovens dos cinco continentes, seguindo a regra preconizada pelas Nações Unidas de "nada mais sobre eles sem eles".
Contamos, desde então, com a adesão da primeira-dama Marisa Letícia, que voltou a pautar o tema em reunião com mais de 500 primeiras-damas, no encontro do presidente Lula com prefeitos e prefeitas, ratificando o compromisso assumido por ele de priorizar em seu governo o enfrentamento da exploração sexual. Neste carnaval, renovamos a convocação para que todos se engajem na defesa do direito de crianças e adolescentes crescerem de forma saudável e protegida. Faça a sua parte: teremos uma denúncia a mais e uma lágrima a menos.
* Sub-Secretária de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescentes/Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
CORDEL "Big Brother Brasil, um programa imbecil"
O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, acaba de retornar ao Brasil com os versos mais afiados que nunca depois da polêmica causada com o cordel "Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso".
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo.
Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra.
São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos).
Só para dar um gostinho:
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.
O cordel "Big Brother Brasil, um programa imbecil" é imperdível e está completinho aqui, em primeira mão: http://cachacaaraci .wordpress. com/
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo.
Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra.
São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos).
Só para dar um gostinho:
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.
O cordel "Big Brother Brasil, um programa imbecil" é imperdível e está completinho aqui, em primeira mão: http://cachacaaraci .wordpress. com/
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
FORUM SOCIAL MUNDIAL TEMATICO EM SALVADOR
ESTIVEMOS NO FSM EM SALVADOR, AOS POUCOS IREMOS PUBLICANDO TANTAS E TANTAS IMPRESSÕES, NOTAS E FOTOS.
ASSEMBLÉIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Salvador, 31 de janeiro de 2010.
10 ANOS DO FSM - OUTRO MUNDO É POSSÍVEL E NECESSÁRIO
Nós, militantes de diversas organizações dos movimentos sociais reunidos no FSMT de Salvador, realizamos a Assembleia dos Movimentos Sociais com o intuito de consolidar uma plataforma de bandeiras unitárias e calendário de lutas.
O Fórum Social Mundial surgiu em 2001 como uma forma de resistência dos povos de todo o planeta contra a avalanche neoliberal dos anos 90. Dessa forma ganhou força e se tornou um grande pólo contra hegemônico ao capital financeiro. Ao longo desses 10 anos passou pelo Brasil, Venezuela, Índia e Quênia, e outros países, levando a esperança de um mundo novo.
Foi dessa maneira que o FSM conseguiu contagiar corações e mentes para a ideia de que é sim possível construir outro mundo com justiça social, democracia, sem destruir o planeta e valorizando as culturas nacionais. O FSM foi fundamental para a construção de uma nova conjuntura que valorize a integração e a solidariedade entre os povos. E é assim que partiremos para novas lutas e para construir o próximo Fórum Social Mundial em Dakar em janeiro de 2011.
Com o declínio do neoliberalismo e a crise do capitalismo os valores representados por esse sistema passam a ser questionados pela sociedade. Assim, o capitalismo predatório que destrói o meio ambiente causando graves desequilíbrios climáticos, que desrespeita os povos de todo o mundo e suas soberanias, que explora o trabalhador e desestrutura o mundo do trabalho, que exclui o jovem, discrimina o homossexual, oprime a mulher, marginaliza o negro, mercantiliza a cultura é agora visto com ressalvas.
A crise financeira mundial é uma crise do sistema capitalista. Ela expôs as contradições intrínsecas a esse modelo e quebrou as certezas e a hegemonia do mercado como um deus regulador das relações comercias e sociais. Essa crise abriu a possibilidade de se rediscutir o ordenamento mundial, os rumos da sociedade, o papel do Estado e um novo modelo de desenvolvimento. Porém, sabemos que esse momento pelo qual passamos é de profundas adversidades para a classe trabalhadora de todo o mundo em função das crises financeira e climática em curso. A consequência das crises é o aumento da desigualdade e por esse motivo reafirmamos o nosso desafio com as lutas e com a solidariedade de classe .
Nosso continente, a América Latina, atrai os olhos de todo o planeta diante de sua onda transformadora. Por outro lado, a hegemonia mundial ainda é capitalista e as elites não entregarão o continente que sempre foi tido como o quintal do imperialismo de mão beijada. Não é à toa a promoção do golpe contra Chávez em 2002, em Honduras em 2009, a tentativa de golpe contra Lula em 2005 ou mesmo a desestabilização de Fernando Lugo que está em curso no Paraguai.
Ao mesmo tempo, as elites se utilizam e fortalecem novos instrumentos de dominação. Sua principal arma hoje é a grande mídia e os monopólios de comunicação. Esses organismos funcionam como verdadeiros porta-vozes das elites conservadoras e golpistas. Por isso ganham força os movimentos de cultura livre e as rádios e jornais comunitários que conseguem driblar o monopólio midiático.
O povo estadunidense elegeu Barack Obama em um grande movimento de massas carregando consigo as esperanças de superar a era Bush. Entretanto, mesmo com Obama o imperialismo continua sendo imperialismo. Os EUA crescem seu olho diante das grandes riquezas naturais do nosso continente, como a recente descoberta do Pré-sal. No mesmo momento em que os EUA reativam a quarta frota marítima também instalam mais bases militares na Colômbia e no Panamá, além de insistir no retrógrado bloqueio a Cuba.
Atentos a esses movimentos do imperialismo, os movimentos sociais reunidos no Fórum Social Mundial Temático em Salvador reafirmam seu compromisso com a luta por justiça social, democracia, soberania, pela integração solidária da América Latina e de todos os povos do mundo, pelo fortalecimento da integração dos povos, pela autodeterminação dos povos e contra todas as formas de opressão.
No Brasil, muitos avanços foram conquistados pelo povo durante os 7 anos do Governo Lula. O Estado foi fortalecido alcançando maior ritmo de desenvolvimento, a distribuição de renda e o progresso social avançaram com a valorização do salário mínimo e políticas sociais como o Bolsa Família, a integração solidária do continente foi estimulada. Porém, muito mais há para ser feito. As Reformas estruturais capazes de enraizar as conquistas democráticas não foram realizadas e a grave desigualdade social perpetrada por mais de 5 séculos em nosso pais está longe de ser resolvida. Por isso, devemos lutar pelo aprofundamento das conquistas nesse período de embate político que se aproxima.
Reafirmamos a luta contra os monocultivos predatórios, os desmatamentos, o uso de agrotóxicos que gera a poluição dos rios e do ar. Seguiremos na luta contra o latifúndio e em defesa da biodiversidade e dos recursos naturais como forma de preservação do meio ambiente, dos ecossistemas, da fauna e flora integradas com o homem.
Nos unimos no combate ao machismo, ao racismo e à homofobia. Lutamos por uma sociedade justa e igualitária, livre de qualquer forma de opressão, onde as mulheres tenham seus direitos respeitados e não sofram abusos e violências, os negros não sofram preconceito e saiam da condição histórica de pobreza que lhes é reservada desde os tempos da escravidão, os homossexuais tenham acesso a direitos civis e não sofram discriminação.
Sabemos que essas conquistas virão da luta do povo organizado. Por isso, convocamos todos os militantes a fazer um grande mutirão de debates envolvendo estados, municípios e segmentos sociais no intuito de construir um projeto de desenvolvimento soberano, democrático e com distribuição de renda para o Brasil. Só assim seremos capazes de aprofundar as mudanças que estamos construindo e derrotar a direita conservadora e reacionária do nosso país nas eleições que se avizinham.
Esse grito que expressa nosso anseio liberdade e mais direitos não poderia ser dado em lugar melhor. Estamos na Bahia, terra de todos os santos e de bravos lutadores, valorosos intelectuais e líricos poetas e artistas como a banda tambores das raças que abriu a Assembleia entoando versos que afirmam que:Zumbi não morreu, está presente entre nós. Palmares referência que sustenta nossa voz.Liberdade, igualdade, revolta dos buzios, levante malês, herança ancestral que alimenta a união é a força pra vencer!
De Salvador conclamamos o povo brasileiro a lutar por um Brasil livre, independente, democrático e justo socialmente.
Para isso, o conjunto dos movimentos sociais brasileiros convoca a Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais para o dia 31 de maio em São Paulo e definem as seguintes bandeiras de luta:
SOBERANIA NACIONAL
- Defesa do Pré-sal 100% para o povo brasileiro;- Pela retirada das bases estrangeiras da América Latina e Caribe;- Defesa da autodeterminação dos povos;- Pela retirada imediata das tropas dos EUA do Afeganistão e do Iraque;- Pela criação do Estado Palestino;- Contra os Golpes de Estado a exemplo de Honduras;- Contra a presença da 4ª Frota na América Latina;- Pela integração solidária da América Latina;- Contra a volta do neoliberalismo- Pelo fortalecimento do MERCOSUL, UNASUL e da ALBA;- Pela democratização e o fortalecimento das forças armadas;- Pela defesa da Amazônia e da nossa biodiversidade como patrimônio nacional.
DESENVOLVIMENTO
- Por uma política nacional de desenvolvimento ambientalmente sustentável, que preserve o meio ambiente e a biodiversidade, e que resguarde a soberania sobre a Amazônia brasileira.- Por um Projeto popular de Desenvolvimento nacional com distribuição de renda e valorização do trabalho;- Pelo fortalecimento da indústria nacional;- Contra o latifúndio e os monocultivos que depredam o meio ambiente- Em defesa da Reforma Agrária.- Redução da jornada de trabalho sem redução de salários;- Por políticas Públicas para a Juventude;- Defesa de formas de organização econômica baseadas na cooperação, autogestão e culturas locais;- Pela alteração da Lei Geral do Cooperativismo e da conquista de um Sistema de Finanças Solidárias e Programa de Desenvolvimento da Economia Solidária (PRONADES), do Direito ao Trabalho Associado e Autogestionário, e de um Sistema de Comércio Justo e Solidário;- Por um desenvolvimento local sustentável.- Por Políticas Públicas de Igualdade Racial;
DEMOCRACIA
- Contra os monopólios midiáticos e pela democratização dos meios de comunicação.- Contra a criminalização dos movimentos sociais;- Em defesa da Cultura livre- Pela ampliação da participação do povo nas decisões através de plebiscitos e referendum;- Contra o golpe em Honduras;- Contra a desestabilização dos governos democráticos e populares da América Latina;- Pelo fim das patentes de remédios- Contra a intolerância religiosa, em defesa do Estado laico.
MAIS DIREITOS AO POVO
- Educação pública, gratuita e de qualidade para todos e todas, com a universalização do acesso, promoção da qualidade e incentivo à permanência, seja na educação infantil, no ensino fundamental, médio e superior. Por uma campanha efetiva de erradicação do analfabetismo. Adoção de medidas que democratizem o acesso ao ensino superior público;- Defesa da saúde pública garantindo acesso da população a atendimento de qualidade. Tratamento preventivo às doenças, atendimento digno às pessoas nas instituições públicas;- Pela garantia e ampliação dos direitos sexuais reprodutivos;- Contra a exploração sexual das mulheres;- Pelo fim do fator previdenciário e por reajuste digno para os aposentados.
SOLIDARIEDADE
- Solidariedade ao povo haitiano diante do recente desastre ocorrido em virtude de uma seqüência de terremotos.- Solidariedade ao povo cubano – pela liberdade dos 5 prisioneiros políticos do Império.- Solidariedade aos povos oprimidos do mundo.- Solidariedade aos presos políticos do MST
CALENDÁRIO
08-18 MARÇO – Jornada de comemoração dos 100 anos do Dia Internacional da MulherMARÇO – Jornada de lutas em defesa da Educação, da UNE e UBESABRIL – Jornada de mobilizações em defesa da Reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais.01 MAIO – Dia do Trabalhador31 MAIO – Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais1 DE JUNHO – Conferência Nacional da Classe TrabalhadoraSETEMBRO -- Plebiscito pelo limite máximo da propriedade da terra
Dispnível em: http://www.mst.org.br/node/9016
Salvador, 31 de janeiro de 2010.
10 ANOS DO FSM - OUTRO MUNDO É POSSÍVEL E NECESSÁRIO
Nós, militantes de diversas organizações dos movimentos sociais reunidos no FSMT de Salvador, realizamos a Assembleia dos Movimentos Sociais com o intuito de consolidar uma plataforma de bandeiras unitárias e calendário de lutas.
O Fórum Social Mundial surgiu em 2001 como uma forma de resistência dos povos de todo o planeta contra a avalanche neoliberal dos anos 90. Dessa forma ganhou força e se tornou um grande pólo contra hegemônico ao capital financeiro. Ao longo desses 10 anos passou pelo Brasil, Venezuela, Índia e Quênia, e outros países, levando a esperança de um mundo novo.
Foi dessa maneira que o FSM conseguiu contagiar corações e mentes para a ideia de que é sim possível construir outro mundo com justiça social, democracia, sem destruir o planeta e valorizando as culturas nacionais. O FSM foi fundamental para a construção de uma nova conjuntura que valorize a integração e a solidariedade entre os povos. E é assim que partiremos para novas lutas e para construir o próximo Fórum Social Mundial em Dakar em janeiro de 2011.
Com o declínio do neoliberalismo e a crise do capitalismo os valores representados por esse sistema passam a ser questionados pela sociedade. Assim, o capitalismo predatório que destrói o meio ambiente causando graves desequilíbrios climáticos, que desrespeita os povos de todo o mundo e suas soberanias, que explora o trabalhador e desestrutura o mundo do trabalho, que exclui o jovem, discrimina o homossexual, oprime a mulher, marginaliza o negro, mercantiliza a cultura é agora visto com ressalvas.
A crise financeira mundial é uma crise do sistema capitalista. Ela expôs as contradições intrínsecas a esse modelo e quebrou as certezas e a hegemonia do mercado como um deus regulador das relações comercias e sociais. Essa crise abriu a possibilidade de se rediscutir o ordenamento mundial, os rumos da sociedade, o papel do Estado e um novo modelo de desenvolvimento. Porém, sabemos que esse momento pelo qual passamos é de profundas adversidades para a classe trabalhadora de todo o mundo em função das crises financeira e climática em curso. A consequência das crises é o aumento da desigualdade e por esse motivo reafirmamos o nosso desafio com as lutas e com a solidariedade de classe .
Nosso continente, a América Latina, atrai os olhos de todo o planeta diante de sua onda transformadora. Por outro lado, a hegemonia mundial ainda é capitalista e as elites não entregarão o continente que sempre foi tido como o quintal do imperialismo de mão beijada. Não é à toa a promoção do golpe contra Chávez em 2002, em Honduras em 2009, a tentativa de golpe contra Lula em 2005 ou mesmo a desestabilização de Fernando Lugo que está em curso no Paraguai.
Ao mesmo tempo, as elites se utilizam e fortalecem novos instrumentos de dominação. Sua principal arma hoje é a grande mídia e os monopólios de comunicação. Esses organismos funcionam como verdadeiros porta-vozes das elites conservadoras e golpistas. Por isso ganham força os movimentos de cultura livre e as rádios e jornais comunitários que conseguem driblar o monopólio midiático.
O povo estadunidense elegeu Barack Obama em um grande movimento de massas carregando consigo as esperanças de superar a era Bush. Entretanto, mesmo com Obama o imperialismo continua sendo imperialismo. Os EUA crescem seu olho diante das grandes riquezas naturais do nosso continente, como a recente descoberta do Pré-sal. No mesmo momento em que os EUA reativam a quarta frota marítima também instalam mais bases militares na Colômbia e no Panamá, além de insistir no retrógrado bloqueio a Cuba.
Atentos a esses movimentos do imperialismo, os movimentos sociais reunidos no Fórum Social Mundial Temático em Salvador reafirmam seu compromisso com a luta por justiça social, democracia, soberania, pela integração solidária da América Latina e de todos os povos do mundo, pelo fortalecimento da integração dos povos, pela autodeterminação dos povos e contra todas as formas de opressão.
No Brasil, muitos avanços foram conquistados pelo povo durante os 7 anos do Governo Lula. O Estado foi fortalecido alcançando maior ritmo de desenvolvimento, a distribuição de renda e o progresso social avançaram com a valorização do salário mínimo e políticas sociais como o Bolsa Família, a integração solidária do continente foi estimulada. Porém, muito mais há para ser feito. As Reformas estruturais capazes de enraizar as conquistas democráticas não foram realizadas e a grave desigualdade social perpetrada por mais de 5 séculos em nosso pais está longe de ser resolvida. Por isso, devemos lutar pelo aprofundamento das conquistas nesse período de embate político que se aproxima.
Reafirmamos a luta contra os monocultivos predatórios, os desmatamentos, o uso de agrotóxicos que gera a poluição dos rios e do ar. Seguiremos na luta contra o latifúndio e em defesa da biodiversidade e dos recursos naturais como forma de preservação do meio ambiente, dos ecossistemas, da fauna e flora integradas com o homem.
Nos unimos no combate ao machismo, ao racismo e à homofobia. Lutamos por uma sociedade justa e igualitária, livre de qualquer forma de opressão, onde as mulheres tenham seus direitos respeitados e não sofram abusos e violências, os negros não sofram preconceito e saiam da condição histórica de pobreza que lhes é reservada desde os tempos da escravidão, os homossexuais tenham acesso a direitos civis e não sofram discriminação.
Sabemos que essas conquistas virão da luta do povo organizado. Por isso, convocamos todos os militantes a fazer um grande mutirão de debates envolvendo estados, municípios e segmentos sociais no intuito de construir um projeto de desenvolvimento soberano, democrático e com distribuição de renda para o Brasil. Só assim seremos capazes de aprofundar as mudanças que estamos construindo e derrotar a direita conservadora e reacionária do nosso país nas eleições que se avizinham.
Esse grito que expressa nosso anseio liberdade e mais direitos não poderia ser dado em lugar melhor. Estamos na Bahia, terra de todos os santos e de bravos lutadores, valorosos intelectuais e líricos poetas e artistas como a banda tambores das raças que abriu a Assembleia entoando versos que afirmam que:Zumbi não morreu, está presente entre nós. Palmares referência que sustenta nossa voz.Liberdade, igualdade, revolta dos buzios, levante malês, herança ancestral que alimenta a união é a força pra vencer!
De Salvador conclamamos o povo brasileiro a lutar por um Brasil livre, independente, democrático e justo socialmente.
Para isso, o conjunto dos movimentos sociais brasileiros convoca a Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais para o dia 31 de maio em São Paulo e definem as seguintes bandeiras de luta:
SOBERANIA NACIONAL
- Defesa do Pré-sal 100% para o povo brasileiro;- Pela retirada das bases estrangeiras da América Latina e Caribe;- Defesa da autodeterminação dos povos;- Pela retirada imediata das tropas dos EUA do Afeganistão e do Iraque;- Pela criação do Estado Palestino;- Contra os Golpes de Estado a exemplo de Honduras;- Contra a presença da 4ª Frota na América Latina;- Pela integração solidária da América Latina;- Contra a volta do neoliberalismo- Pelo fortalecimento do MERCOSUL, UNASUL e da ALBA;- Pela democratização e o fortalecimento das forças armadas;- Pela defesa da Amazônia e da nossa biodiversidade como patrimônio nacional.
DESENVOLVIMENTO
- Por uma política nacional de desenvolvimento ambientalmente sustentável, que preserve o meio ambiente e a biodiversidade, e que resguarde a soberania sobre a Amazônia brasileira.- Por um Projeto popular de Desenvolvimento nacional com distribuição de renda e valorização do trabalho;- Pelo fortalecimento da indústria nacional;- Contra o latifúndio e os monocultivos que depredam o meio ambiente- Em defesa da Reforma Agrária.- Redução da jornada de trabalho sem redução de salários;- Por políticas Públicas para a Juventude;- Defesa de formas de organização econômica baseadas na cooperação, autogestão e culturas locais;- Pela alteração da Lei Geral do Cooperativismo e da conquista de um Sistema de Finanças Solidárias e Programa de Desenvolvimento da Economia Solidária (PRONADES), do Direito ao Trabalho Associado e Autogestionário, e de um Sistema de Comércio Justo e Solidário;- Por um desenvolvimento local sustentável.- Por Políticas Públicas de Igualdade Racial;
DEMOCRACIA
- Contra os monopólios midiáticos e pela democratização dos meios de comunicação.- Contra a criminalização dos movimentos sociais;- Em defesa da Cultura livre- Pela ampliação da participação do povo nas decisões através de plebiscitos e referendum;- Contra o golpe em Honduras;- Contra a desestabilização dos governos democráticos e populares da América Latina;- Pelo fim das patentes de remédios- Contra a intolerância religiosa, em defesa do Estado laico.
MAIS DIREITOS AO POVO
- Educação pública, gratuita e de qualidade para todos e todas, com a universalização do acesso, promoção da qualidade e incentivo à permanência, seja na educação infantil, no ensino fundamental, médio e superior. Por uma campanha efetiva de erradicação do analfabetismo. Adoção de medidas que democratizem o acesso ao ensino superior público;- Defesa da saúde pública garantindo acesso da população a atendimento de qualidade. Tratamento preventivo às doenças, atendimento digno às pessoas nas instituições públicas;- Pela garantia e ampliação dos direitos sexuais reprodutivos;- Contra a exploração sexual das mulheres;- Pelo fim do fator previdenciário e por reajuste digno para os aposentados.
SOLIDARIEDADE
- Solidariedade ao povo haitiano diante do recente desastre ocorrido em virtude de uma seqüência de terremotos.- Solidariedade ao povo cubano – pela liberdade dos 5 prisioneiros políticos do Império.- Solidariedade aos povos oprimidos do mundo.- Solidariedade aos presos políticos do MST
CALENDÁRIO
08-18 MARÇO – Jornada de comemoração dos 100 anos do Dia Internacional da MulherMARÇO – Jornada de lutas em defesa da Educação, da UNE e UBESABRIL – Jornada de mobilizações em defesa da Reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais.01 MAIO – Dia do Trabalhador31 MAIO – Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais1 DE JUNHO – Conferência Nacional da Classe TrabalhadoraSETEMBRO -- Plebiscito pelo limite máximo da propriedade da terra
Dispnível em: http://www.mst.org.br/node/9016
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