quinta-feira, 23 de setembro de 2010

CHEGA DE INIQUIDADE - ELEIÇÕES 2010

CHEGA DE INIQUIDADE!
À igreja brasileira,
Nós, do Evangélicos pela Justiça – EPJ, somos um movimento de evangélicos e evangélicas, organizados visando à busca da justiça do Reino de Deus no enfrentamento dos problemas sociopolíticos.

Queremos, com esta declaração, trazer um apelo às nossas igrejas a fim de contribuir com sua maturidade em meio a cada vez maior engajamento em questões sociopolíticas. Após um longo período de "apoliticismo", líderes evangélicos passaram a defender, com a redemocratização, a participação política dos evangélicos. Saudamos este novo ativismo e militância política que trouxe a comunidade evangélica para a discussão dos rumos do país!

Embora haja alguns exemplos de fidelidade ao espírito do Evangelho e participação responsável na política os quais é necessário reconhecer, as últimas eleições e processos políticos têm testemunhado que, embora cada vez mais presente no jogo político, a participação dos evangélicos tem produzido, na maioria dos casos, mais vergonha que testemunho ético pela causa da justiça e do direito: troca de votos por concessões de rádios e canais de TV, envolvimento em escândalos, todo tipo de rendição aos vícios da política brasileira como o nepotismo, o clientelismo e o patrimonialismo, e a mentalidade de curral eleitoral e defesa de interesses corporativos. Infelizmente, a maioria desses problemas decorre da falta de princípios coerentes com o evangelho por parte de determinadas igrejas e pastores na compreensão do papel das igrejas na arena política, mas também da falta de experiência participativa de muitos irmãos e irmãs. Isto produz concepções e práticas distorcidas sobre a política.
À luz de recentes declarações de alguns pastores com o fim de "demonizar" certos partidos e candidaturas e sua repercussão na comunidade evangélica, fato que não é novo na história recente de sua participação política, gostaríamos de chamar a atenção para a necessidade de reflexão sobre alguns pontos:

1. Infelizmente, muitos têm se desmotivado a exercer suas obrigações como cidadãos e cidadãs responsáveis, emitindo sua opinião, votando de forma séria e consciente e acompanhando representantes e governos eleitos, em virtude de sucessivos escândalos e de estruturas partidárias e governamentais que não incentivam a participação cidadã consequente. Apesar de tudo, motivados pelo compromisso com o evangelho, acreditamos que é fundamental a participação no processo político-eleitoral e no enfrentamento dos problemas sociais para a
construção de uma sociedade mais justa para todos conforme nos ensinam as Escrituras e o exemplo de Jesus.
 
2. O período das eleições é um momento extremamente importante para o destino do povo brasileiro. Nossas igrejas podem e devem contribuir significativamente para a construção e fortalecimento da democracia. Defendemos que a democracia pode ser fortalecida com o engajamento ético e prático de nossas lideranças e igrejas nos momentos eleitorais, sobretudo através de momentos de formação que permitam aos seus membros adquirir uma visão crítica da realidade política e social para que não sejam facilmente enganados por fatos infundados, por corruptos ou por aqueles que querem enriquecer às custas do sofrimento do povo.
 
3. Para isso, sustentamos que boas ponderações políticas devem acontecer em espaços abertos ao diálogo com a participação de diferentes vozes. Nesse sentido, alertamos para o fato de que nossas igrejas são formadas por pessoas que defendem diversos candidatos de diversos partidos políticos e todos merecem respeito em suas escolhas como cidadãos e cidadãs. Qualquer tentativa de manipulação, coerção religiosa ou campanhas difamatórias pode enfraquecer a democracia, promover animosidades, transformar igrejas em currais eleitorais e produzir um péssimo testemunho perante a sociedade.
 
4. Rejeitamos, portanto, como sendo indignos do evangelho e da nossa herança reformada qualquer tipo de terrorismo eleitoral, formação de curral, demonização de candidatos e partidos — sejam quais forem — e ataque à liberdade de pensamento e expressão política nas nossas igrejas. Não negamos o direito a qualquer defesa de considerações ou opiniões a favor ou contra projetos de lei ou planos governamentais, pelo contrário. Todos necessitam ser amplamente debatidos e conhecidos pela população. Ao mesmo tempo, é ingenuidade política ou manipulação ideológica pregar purismos partidários. Também o é ignorar que a manifestação de opinião que incita à discriminação e/ou à violência não pode ser admitida numa sociedade democrática. Não existem partidos políticos e candidatos perfeitos. Qualquer leitura política e escolha eleitoral devem considerar a coerência com TODOS os valores do Evangelho, não apenas alguns, que se apliquem àquela situação, buscando avaliar conjunturalmente aqueles programas de governo que contribuam para a melhoria das condições de vida da maioria dos brasileiros e brasileiras, e mais se aproximem, assim, do princípio do amor ao próximo como a Deus que é a regra áurea do Evangelho.
 
5. Quanto a recentes declarações sobre a institucionalização da iniquidade no Brasil, nos perguntamos se nesse conceito cabem também as péssimas condições de saúde, educação, moradia, trabalho e renda, na cidade e no campo; se cabe a desfaçatez das elites brasileiras que há mais de 500 anos institucionalizaram a opressão da maioria da população brasileira, primeiro do indígena, depois, e ainda, dos negros, e das classes populares, entre outros grupos e segmentos; se cabe o racismo institucionalizado que nega direitos por causa da cor da pele; se cabe a violência institucionalizada que mata milhares de jovens a cada ano; se cabe a discriminação institucionalizada contra a mulher que ainda sofre violências e preconceito no mercado de trabalho, no lar e nas igrejas; se cabe o descaso institucionalizado com as crianças e os jovens aos quais lhes é negado o direito à vida digna; se cabe o descaso institucionalizado com os que vivem no campo, sem terra e sem condições de subsistência; se cabe o descaso institucionalizado com os idosos e idosas que contribuíram a vida inteira com o seu trabalho mas que não têm direito a uma aposentadoria e saúde decentes; se cabe a caricatura de grupos minoritários; e assim por diante. Sem negar as mudanças de valores por que passa a sociedade brasileira no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, os quais necessitam ser discutidos democraticamente, semelhantemente ressaltamos a necessidade de se combater a iniquidade que assalta a vida nas suas mais diferentes expressões, algumas das quais elencadas acima.
 
6. Considerando o que foi dito acima e seu compromisso com os valores do Evangelho, o movimento Evangélicos pela Justiça (EPJ) recomenda o voto naqueles candidatos e candidatas e programas de governo que sustentam a superação das históricas desigualdades brasileiras, que não signifiquem retrocesso nas conquistas dos direitos sociais, culturais e econômicos, que não criminalizem os movimentos sociais e a luta da sociedade civil organizada, que defendam políticas públicas que garantam desenvolvimento com justiça e sustentabilidade para as próximas gerações, e que levem o Brasil a defender posições internacionais comprometidas com a justiça e equilíbrio geopolíticos.
Nesse espírito, dizemos CHEGA DE INIQUIDADE! e conclamamos a todos a se engajar tanto nesse período eleitoral como após o mesmo, buscando mais justiça para todos e a diminuição do sofrimento de nosso povo.
Felizes os que têm fome e sede de justiça!
EVANGÉLICOS PELA JUSTIÇA – EPJ
www.epj.org.br

O EPJ - Evangélicos pela Justiça é um grupo de evangélicos/protestantes que tem como objetivo dialogar, propor melhorias e realizar atividades que contribuam para a redução dos problemas políticos e sociais existentes que geram e perpetuam as desigualdades sociais e injustiças em nosso país. É formado por 112 lideranças evangélicas representativas de várias igrejas evangélicas de 17 estados do Brasil.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

JUSTIÇA ELEITORAL TENTA CALAR A CUT

CUT denuncia mais um ataque ao movimento sindical

Central convoca para esta segunda-feira (20 de setembro) Ato público de repúdio à apreensão na sede da entidade, por determinação do Tribunal Regional Eleitoral, de exemplares do documento “A Verdade sobre o Tucano Anastasia”

A Central Única dos Trabalhadores de Mnas Gerais (CUT/MG) convoca todos os dirigentes, lideranças e militantes dos sindicatos e entidades filiados e dos movimentos sindical e social para Ato Público, nesta segunda-feira (20 de setembro), às 16 horas, na Praça Sete, Região Central de Belo Horizonte em repúdio a mais ação arbitrária contra as práticas sindicais.

A CUT e os mais de 22 milhões de trabalhadores e trabalhadoras que ela representa repudiam mais um ataque do Governo neoliberal à liberdade de expressão e à manifestação política e a mais uma intervenção da Justiça nas práticas sindicais. Na manhã desta sexta-feira (17 de setembro), cumprindo mandato de busca e apreensão expedido pela juíza auxiliar Aura Maria Brasil Santos Perez, do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, duas oficiais de Justiça estiveram na sede da CUT/MG, no Centro de Belo Horizonte, para apreender exemplares do documento “A Verdade sobre o Tucano Anastasia”, assinado pelas centrais.

As oficiais de Justiça Maria Perpétuo Socorro Corrêa e Karina Kelly dos Santos Oliveira entregaram o mandado ao presidente da CUT/MG, Marco Antônio de Jesus, vasculharam todas as dependências da sede da CUT, acompanhadas pelo secretário-geral Carlos Magno de Freitas e o secretário de Saúde do Trabalhador, Reginaldo Tomaz de Jesus.

Em seu despacho, a juíza auxiliar considera que o panfleto configura “propaganda eleitoral irregular, veicula informações contrárias a candidato, utiliza autoria de entidades sindicais”, entre outros argumentos apresentados pela coligação “Somos Minas Gerais”. Além disso, a magistrada afirma que o documento “A Verdade sobre o Tucano Anastasia” tem a “nítida intenção de influenciar a opinião dos eleitores”. Ao mesmo tempo, a juíza reconhece que “não existe no panfleto qualquer veiculação em favor de qualquer candidato”. Mesmo assim, estipula multa diária de R$ 10 mil em caso de persistência na distribuição do material.

A CUT reafirma sua posição apartidária e independente, mas de respeito à opinião e às manifestações políticas de seus dirigentes e das lideranças dos sindicatos e entidades filiados à Central. Ao assinar o panfleto, cujo conteúdo reflete a realidade de oito anos de administração tucana em Minas Gerais, a CUT apenas mantém a coerência com sua postura política. A Central sempre denunciou a política de sucateamento do Estado pelo choque de gestão, com a terceirização, o corte de verbas para a educação, saúde e segurança pública e a judicialização das relações entre capital e trabalhadores. A CUT sempre combateu as práticas antissindicais, o desrespeito ao funcionalismo público, a repressão policial aos movimentos sociais, a imposição da mordaça à imprensa, entre outros desmandos e abusos dos governos Aécio/Anastasia.

A CUT nunca vai se calar ou recuar. A maior Central sindical do Brasil e da América Latina seguirá em frente, na sua luta por um Brasil melhor, pela valorização do trabalho, igualdade, inclusão e participação social, independentemente de qualquer ação de governos ou da Justiça.

Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais

Mais uma deste poder intocável a chamada Justiça, que horrorrrrrr

domingo, 5 de setembro de 2010

CONSOLIDAR A RUPTURA HISTORICA OPERADA PELO PT

Para mim o significado maior desta eleição é consolidar a ruptura que Lula e o PT instauraram na história política brasileira. Derrotaram as elites econômico-financeiras e seu braço ideológico a grande imprensa comercial. Notoriamente, elas sempre mantiveram o povo à margem da cidadania, feito, na dura linguagem de nosso maior historiador mulato, Capistrano de Abreu,”capado e recapado, sangrado e ressangrado”. Elas estiveram montadas no poder por quase 500 anos. Organizaram o Estado de tal forma que seus privilégios ficassem sempre salvaguradados. Por isso, segundo dados do Banco Mundial, são aquelas que, proporcionalmente, mais acumulam no mundo e se contam, política e socialmente, entre as mais atrasadas e insensíveis. São vinte mil famílias que, mais ou menos, controlam 46% de toda a riqueza nacional, sendo que 1% delas possui 44% de todas as terras. Não admira que estejamos entre os paises mais desiguais do mundo, o que equivale dizer, um dos mais injustos e perversos do planeta.
Até a vitória de um filho da pobreza, Lula, a casa grande e a senzala constituíam os gonzos que sustentavam o mundo social das elites. A casa grande não permitia que a senzala descobrisse que a riqueza das elites fôra construida com seu trabalho superexplorado, com seu sangue e suas vidas, feitas carvão no processo produtivo. Com alianças espertas, embaralhavam diferentemente as cartas para manter sempre o mesmo jogo e, gozadores, repetiam:”façamos nós a revolução antes que o povo a faça”. E a revolução consistia em mudar um pouco para ficar tudo como antes. Destarte, abortavam a emergência de um outro sujeito histórico de poder, capaz de ocupar a cena e inaugurar um tempo moderno e menos excludente. Entretanto, contra sua vontade, irromperam redes de movimentos sociais de resistência e de autonomia. Esse poder social se canalizou em poder político até conquistar o poder de Estado.
Escândalo dos escândalos para as mentes súcubas e alinhadas aos poderes mundiais: um operário, sobrevivente da grande tribulação, representante da cultura popular, um não educado academicamente na escola dos faraós, chegar ao poder central e devolver ao povo o sentimento de dignidade, de força histórica e de ser sujeito de uma democracia republicana, onde “a coisa pública”, o social, a vida lascada do povo ganhasse centralidade. Na linha de Gandhi, Lula anunciou: “não vim para administrar, vim para cuidar; empresa eu administro, um povo vivo e sofrido eu cuido”. Linguagem inaudita e instauradora de um novo tempo na política brasileira. A “Fome Zero”, depois a “Bolsa Família”, o “Crédito consignado”, o “Luz para todos”, a “Minha Casa, minha Vida, a “Agricultura familiar, o “Prouni”, as “Escolas profissionais”, entre outras iniciativas sociais permitiram que a sociedade dos lascados conhecesse o que nunca as elites econômico-financeiras lhes permitiram: um salto de qualidade. Milhões passaram da miséria sofrida à pobreza digna e laboriosa e da pobreza para a classe média. Toda sociedade se mobilizou para melhor.
Mas essa derrota inflingida às elites excludentes e anti-povo, deve ser consolidada nesta eleição por uma vitória convincente para que se configure um “não retorno definitivo” e elas percam a vergonha de se sentirem povo brasileiro assim como é e não como gostariam que fosse. Terminou o longo amanhecer.
Houve três olhares sobre o Brasil. Primeiro, foi visto a partir da praia: os índios assistindo a invasão de suas terras. Segundo, foi visto a partir das caravelas: os portugueses “descobrindo/encobrindo” o Brasil. O terceiro, o Brasil ousou ver-se a si mesmo e aí começou a invenção de uma república mestiça étnica e culturalmente que hoje somos. O Brasil enfrentou ainda quatro duras invasões: a colonização que dizimou os indígenas e introduziu a escravidão; a vinda dos povos novos, os emigrantes europeus que substituirem índios e escravos; a industrialização conservadora de substituição dos anos 30 do século passado mas que criou um vigoroso mercado interno e, por fim, a globalização econômico-financeira, inserindo-nos como sócios menores.
Face a esta história tortuosa, o Brasil se mostrou resiliente, quer dizer, enfrentou estas visões e intromissões, conseguindo dar a volta por cima e aprender de suas desgraças. Agora está colhendo os frutos.
Urge derrotar aquelas forças reacionárias que se escondem atrás do candidato da oposição. Não julgo a pessoa, coisa de Deus, mas o que representa como ator social. Ceslo Furtado, nosso melhor pensador em economia, morreu deixando uma advertência, título de seu livro A construção interrompida(1993):”Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta no devir humano. Ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromer o nosso processo histórico de formação de um Estado-nação”(p.35). Estas não podem prevalecer. Temos condições de completar a construção do Brasil, derrotando-as com Lula e as forças que realizarão o sonho de Celso Furtado e o nosso.
Leonardo Boff autor de Depois de 500 anos: que Brasil queremos, Vozes (2000).
Que show de texto e de analise repasso para o meu blog, é que muitas vezes agente quer falar tudo isso ai e no encantamento das palavras agente termina esquecendo alguma coisa, mas este texto reproduz o meu intimo a minha cara, aquilo que sou e que prego e que faço no dia a dia.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

PELO LIMITE DE PROPRIEDADE DE TERRA

FALE EM FAVOR DE REFORMA AGRÁRIA - PLEBISCITO POPULAR PELO LIMITE DE PROPRIEDADE DE TERRA
Sara Tironi*
“Ai de vocês que adquerem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades até não haver mais lugar para ninguém e vocês se tornarem os senhores absolutos da terra” Isaías 5,8

"E as propriedades cresciam cada vez mais e os proprietários iam simultaneamente diminuindo. E havia tão poucos fazendeiros pobres nas terras, que fazia até dó."
John Steinbeck, trecho de “As vinhas da ira”


O Brasil é o quinto maior país do planeta e o maior da América do Sul, mas grande parte desse imenso território concentra-se nas mãos de pouca gente. Esse problema vem sendo discutido de longa data, e de uma forma ou de outra, sempre esteve na pauta dos governos, ainda que hoje seja notavelmente pouco debatido pelos candidatos à presidência.

Já dura cerca de cinco séculos a história da concentração da propriedade da terra no Brasil. Suas raízes encontram-se no início do século XVI, na época colonial, quando os portugueses estabeleceram aqui a monocultura para exportação.
Hoje, a grande propriedade rural, o latifúndio, ainda predomina no país: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 1% da população detém 50% das terras brasileiras. Conforme os últimos dados levantados pelo instituto em 2006, 2,8% das propriedades rurais são latifúndios, os quais ocupam mais da metade da extensão territorial agricultável do país (56,7%). Em contrapartida, as pequenas propriedades, mesmo representando 62,2% dos imóveis, ocupam apenas 7,9% da área total das terras cultiváveis.

Como consequência direta da concentração fundiária rural, podemos destacar o problema do subaproveitamento das terras. Dos 850 milhões de hectares, 120 milhões estão improdutivos, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Essa má utilização do espaço nacional não muda de figura quando tratamos, por outro lado, das terras produtivas, já que estas se prestam, predominantemente, às pastagens e à agricultura de exportação.

A agricultura de subsistência, por sua vez, destinada ao consumo interno, não apenas ocupa as piores e menores extensões de terra, como também recebe pouco ou nenhuma assistência do governo. É bastante grave nos depararmos com esse cenário no campo quando pensamos que uma boa parte da população brasileira passa fome ou se alimenta muito mal. Convém ainda lembrar que a apropriação da terra por uma minoria populacional acarreta também a concentração dos meios de produção (máquinas, equipamentos, etc.), do poder econômico, da renda e do poder político no meio rural.

Em 2000, o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) criou a “Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra: em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar”. Como forma de massificar a discussão da campanha, bem como possibilitar uma maior integração e engajamento das diferentes forças sociais do país, será realizado o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra, de 1 a 7 de setembro de 2010, na Semana da Pátria, junto com o Grito dos Excluídos.

Cremos que a participação dos cristãos no plebiscito não é apenas uma questão de cidadania, mas de fé. Acreditamos que a terra é Dom de Deus (Lv 25,23) e que a acumulação dela ofende a Sua vontade. Na Palavra Dele, as leis como do ano sabático e do ano do jubileu (Lv 25) nos dão material necessário para compreendermos que todos tem direito a terra e que a acumulação dela é abominável aos olhos de Deus. Podemos citar ainda os profetas do Antigo Testamento: Elias que diz ao rei Acabe que "...mataste e ainda por cima roubas" (1 Rs 21,19) depois que este se apossou da vinha de Nabote; Isaías afirma categoricamente que "Ai dos que juntam casa a casa e campo a campo" (Is 5,8); e ainda temos em Miquéias, "Ai dos que planejam iniquidade... Se cobiçam campos, eles os roubam, se casas, eles as tomam" (Mq 2,1-2).

.A Rede FALE formalizou essa semana seu apoio e participação no plebiscito. Com urnas em igrejas ou eventos, mobilizaremos nossa base para conscientizar o povo e pressionar as autoridades. Alguns de nossos grupos irão participar do “grito dos excluídos”.

Depois do envolvimento com o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, o FALE pretende continuar discutindo as questões agrárias e produzir material de discussão e mobilização para a igreja evangélica brasileira.
*Sara Tironi é estudante de direito e mora em Ribeirão Preto. Faz parte da Aliança Bíblica Universitária e da Rede FALE São Paulo
Para maiores informações:
- http://www.limitedaterra.org.br/index.php
- A questão da terra no Brasil (Nelson Piletti e Ivone Masolino), disponível em:http://www.scribd.com/doc/6715394/A-Questao-Da-Terra-No-Brasil
- Cartilha do Plebiscito Popular pelo Limite da Terra
Se desejar participar da mobilização da Rede FALE, envie um e-mail para mobilizacao@fale.org.br

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

REUNIÃO DO FORUM ZONA DA MATA DE ECONOMIA SOLIDARIA

Reunião do núcleo do Forum da Zona da Mata Mineira de Economia Solidária:
Presença das incubadoras da UFJF e UFV, empreendimentos solidários, inclusive os recuperandos da APAC de Leopoldina que trocaram várias experiências com o grupo.
Ficou definido que a Feira Regional da ECOSOL será na primeira quinzena de dezembro em Juiz de Fora.
Reuniões nos meses pares no ultimo sábado e fazendo rodisio entre as cidades.
Em breve postaremos as atas no blog que está sendo criado.
Presença de militantes das cidades de Viçosa, Juiz de Fora, Leopoldina, Cataguases e Muriaé.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

IGREJA NÃO VOTA, IGREJA NÃO FAZ ALIANÇA POLITICA

Ed René Kivitz
Igreja não vota. Igreja não faz aliança política. Igreja não apoia candidato. Igreja não se envolve com política partidária. Há pelo menos cinco razões para este posicionamento.

Primeira: o Estado é laico. Igreja e Estado são instituições distintas e autônomas entre si. É inadmissível que, em nome da religião, os cidadãos livres sofram pressões ideológicas. Assim como é deplorável que os religiosos livres sofram pressões ideológicas perpetradas pelo Estado. É incoerente que um Estado de Direito tenha feriados santos, expressões religiosas gravadas em suas cédulas de dinheiro, espaços e recursos públicos loteados entre segmentos religiosos institucionais. É uma vergonha que líderes espirituais emprestem sua credibilidade em questão de fé para servir aos interesses efêmeros e dúbios (em termos de postulados ideológicos e valores morais) da política eleitoral ou eleitoreira.

Segunda: o voto é uma prerrogativa do cidadão. Assim como os clubes de futebol, as organizações não governamentais, as entidades de classe, as associações culturais e as instituições filantrópicas não votam, também a igreja não vota. Quem vota é o cidadão. O cidadão pode ser influenciado, melhor seria, educado, por todos os segmentos organizados da sociedade civil, inclusive a igreja. Mas quem vota é o cidadão.

Terceira: a igreja é um espaço democrático. A igreja é lugar para todos os cidadãos, independentemente de raça, sexo, classe social e, no caso, opção política. A igreja é lugar do vereador de um lado, do deputado de outro lado, e do senador que não sabe de que lado está. A igreja que abraça uma candidatura específica ou faz uma aliança partidária, direta e indiretamente rejeita e marginaliza aqueles dentre seu rebanho que fizeram opções diferentes.

Quarta: a igreja não tem autoridade histórica para se envolver em política. Na verdade, não se trata apenas de uma questão a respeito da igreja cristã, mas de toda e qualquer expressão religiosa institucional. A mistura entre política e religião é responsável pelos maiores males da história da humanidade. Os católicos na Península Ibérica e em toda a Europa Ocidental. Os protestantes na Índia. Os católicos e os protestantes na Irlanda. Os judeus no Oriente Médio. Os islâmicos na Europa e na América. Todos estes cometeram o pior dos crimes: matar em nome de Deus. Saramago disse com propriedade que “as religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana”.

Quinta: o papel social da igreja é profético. Quando o governo acerta a igreja aplaude. Quando o governo erra a igreja denuncia. Quando a autoridade civil cumpre seu papel institucional a igreja acata. Quando a autoridade civil trai seu papel institucional a igreja se rebela. A igreja não está do lado do governo, nem da oposição. A igreja está do lado da justiça.
Todo cristão é também cidadão. Todo cristão deve exercer sua cidadania à luz dos valores do reino de Deus e do melhor e máximo possível da ética cristã, somando forças em todos os processos solidários, e engajado em todos os movimentos de justiça.


Comparecer às urnas é um ato intransferível de cidadania, um direito inalienável que custou caro às gerações do passado recente do Brasil, e uma oportunidade de cooperar, ainda que de maneira mínima, na construção de uma sociedade livre, justa e pacífica

fonte: site da Ibab
Igreja lugar de comunhão e adoração ao único e eterno Deus Pai, Filho e Espirito Santo.