Protestantes – traidores da pátria e do imperador
O abençoado declínio da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil
As grandes surpresas do último censo religioso brasileiro
Outras ovelhas, outros currais
Teorias sobre crescimento da igreja
As três vias da evangelização apaixonada
Da briga ao beijo
No dia 12 de janeiro de 1868, O Apóstolo, ”periódico religioso, moral e doutrinário, consagrado aos interesses da religião [católica] e da sociedade”, publicado “impreterivelmente aos domingos” na corte, queixava-se de que “alguns pobres innocentes têm se deixado embahir pelos pregadores de Calvino e de Lutero”. O autor do artigo afirmava: “um brazileiro protestante sôa tão mal como o nome de traidor a seu paiz e ao seu Imperador” (p. 10).
Havia certa lógica nesse raciocínio, desde que, à época, o Brasil era um país oficialmente católico e não laico. A essa altura, Dom Pedro II tinha 43 anos e Ashbel Green Simonton, “um dos pregadores de Calvino”, havia morrido de febre amarela, um mês antes, aos 34 anos.
Curiosamente, entre os primeiros “traidores da pátria e do imperador” estavam duas damas da corte: Gabriela Augusta Carneiro Leão, irmã de Honório Hermet Carneiro Leão (Marquês do Paraná) e de Nicolau Neto Carneiro Leão (Barão de Santa Maria), e sua filha Henriqueta Soares do Couto Esher. Em janeiro de 1859, elas foram batizadas pelo médico e missionário escocês Robert Reid Kalley em Petrópolis, RJ, onde Dom Pedro II passava grande parte de seu tempo. Kalley foi o primeiro missionário protestante a se fixar no Brasil e era amigo do imperador. O pior de tudo é que outro “traidor”, batizado em outubro de 1864 e ordenado pastor em dezembro do ano seguinte, era o ex-padre José Manoel da Conceição.
Hoje, com 26 milhões de “traidores da pátria e do imperador”, não seria de todo improvável derrubar o atual “imperador” e colocar no lugar dele nem que seja um garotinho, nascido e criado no Rio de Janeiro, o menos católico de todos os Estados brasileiros...
Os pesquisadores, com razão, dividem os evangélicos brasileiros em históricos, pentecostais e neopentecostais. O primeiro grupo, formado por congregacionais, presbiterianos, metodistas, batistas, luteranos, episcopais e outros, destaca-se por reunir as primeiras igrejas que se estabeleceram no país. Foram eles que abriram as clareiras, colocaram a Bíblia nas mãos do povo, receberam os primeiros convertidos, construíram os primeiros templos, abriram as primeiras escolas, seminários e hospitais, e ordenaram os primeiros pastores brasileiros. Fizeram tudo isso sozinhos, a partir de 1855 e até a chegada dos pentecostais, 55 anos depois, em 1910. O segundo grupo, formado pela Congregação Cristã no Brasil, Igreja Evangélica Assembléia de Deus, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor e outras, destaca-se por um evangelismo mais ousado e por seu fenomenal crescimento. O terceiro grupo, formado pela Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus, Igreja Renascer em Cristo, Comunidade Sara Nossa Terra e várias outras, todas muito recentes e comprometidas com a atraente e complicada teologia da prosperidade, destaca-se (principalmente as três primeiras) pelo uso intenso da mídia (80% da programação religiosa na TV é evangélica).
Os evangélicos são mais fortes na região Centro-Oeste (com 19,1% de fiéis) e mais fracos no Nordeste (10,3%). De acordo com a projeção feita pela Sepal para 2001, seis Estados têm porcentagem de evangélicos superior a 20%: Espírito Santo (28,8%), Rondônia (28,6%), Roraima (25,7%), Rio de Janeiro (22,1%), Goiás (22,1%) e Acre (22,0%). Era de se esperar que o Estado de São Paulo ocupasse um lugar de destaque, por abrigar a maioria das mais importantes organizações evangélicas brasileiras, como universidades, seminários, editoras, agências missionárias etc. Todavia o Estado ocupa o 12o lugar, com 18,4% de evangélicos. O mesmo se poderia dizer do Rio Grande do Sul, onde se fixou a maior parte dos imigrantes luteranos e onde nasceu a Igreja Episcopal. O Estado está em 19o lugar, com 13,1% de evangélicos. Os seis Estados que têm porcentagem abaixo de 11% são todos do Nordeste: Rio Grande do Norte (10,6%), Paraíba (10,4%), Ceará (10,1%), Alagoas (9,4%), Sergipe (7,9%), e Piauí (6,1%).
Embora tenha a menor porcentagem de evangélicos, a região Nordeste possui a maior taxa de crescimento anual (8,67%), superior à taxa nacional (7,42%). Depois vêm as regiões Centro-Oeste (8,29%), Sudeste (7,87%), Norte (7,54%) e Sul (4,36%).
Roraima tem a maior taxa de crescimento estadual (14,22%), duas vezes a taxa nacional. O Rio Grande do Sul tem a taxa mais baixa (2,08%). A taxa de crescimento anual dos evangélicos no país (7,42%) é mais de quatro vezes e meia a taxa de crescimento da população (1,63%).
As denominações que mais cresceram no período de 1991 a 2000, de acordo com o censo, foram, em primeiro lugar, as neopentecostais (especialmente a Sara Nossa Terra) e, depois, as pentecostais (especialmente a Assembléia de Deus). Das denominações históricas, os batistas experimentaram o maior crescimento. As seis maiores denominações são a Assembléia de Deus, a Congregação Cristã, a Universal, a Batista, a Adventista e a Quadrangular. Dessas seis, três são pentecostais, duas são históricas e uma é neopentecostal.
Hoje o Brasil tem 26 milhões de evangélicos assim distribuídos: pentecostais e neopentecostais com 17,6 milhões, históricos com 7,1 milhões e outras igrejas com 1,3 milhão.
Se todos os 26 milhões de evangélicos fôssemos “o bom perfume de Cristo” (2 Co 2.15), “o sal da terra” e “a luz do mundo” (Mt 5.14), o Brasil forçosamente seria outro.
Esse comprometimento real com Jesus Cristo é muito mais importante do que um presidente evangélico
Fonte :Revista Ultimato
É impressionante como fica claro que o crescimento quantitativo dos evangélicos não implica em transformações pessoais e sociais, veja o exemplo do estado do Espirito Santo, onde somos bombardeados com as manchetes na midia de escandalos e violência, mas oxalá pudessemos ter
como mudar o rumo da história de pelo menos de nossos queridos e ou de nossa rua, de nosso bairro , de nossa cidade.
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