quinta-feira, 17 de março de 2011

INAUGURAÇÃO DAS SALAS DE AULA NO PRESIDIO DE LEOPOLDINA


O que aconteceu no Presídio de Leopoldina,foi algo inesquecível e inédito, para quem tem fé só um milagre pode explicar.
Um sonho? Não, agora não mais.
Uma escola de verdade, com mais de 70% dos acautelados estudando desde as séries iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio.


Estiveram presentes prestigiando a solenidade de inauguração o ex ministro dos direitos Humanos Nilmario Miranda o Prefeito Bené Guedes e as secretarias de Educação Lucia Horta e de Assistência Social Valeria Benati o Secretario de Meio Ambiente Lucio Fonseca e chefe de Gabinete Sergio Lupatine, o Presidente do Conselho Municipal dos direitos das crianças do adolescente Sr. Emersom de Paula, os vereadores Flavio Lima Neto e Vanderlei Pequeno de Cataguases, Sr. José Luiz Paixão da Emater, o delegado regional da Policia Civil Dr. Paulo e o inspetor Sr. .Mauricio e Geovani.
A Superintendente de ensino Sra Maria José Marques e sua equipe Claudia Conte, Mariana e Sidlucio,a diretora do conservatório Lia Salgado e o grupo de viola formado pelos professores que brilhou o evento com belíssimas músicas de serestas.
O Coral recomeço RECOMEÇO dos acautelados do presídio de Cataguases e regido pelos maestros Eli e Daniel agentes Penitenciários do presídio de Cataguases e o policial Militar Vanderson.

Esta foi um pouco da minha fala:
Uma história de amor à vida

Quero agradecer em primeiro lugar a Deus por esta grande conquista que divido com uma das grandes incentivadoras deste projeto Sra Claudia Conte e toda a equipe da SRE Leopoldina Mariana, Íris, Sidilucio, Sirlei enfim todos e todas.


Na verdade quero agradecer também o amigo Professor Mestre Guilherme Augusto Portugal que em suas duas estada nesta cidade deixou um rastro de boas sementes de sonhos e realizações como a implantação do método APAC de ressocialização, juntamente com um grupo de "cidadões teimosos" no antigo prédio abandonado na BR 116.
Era um professor de direito Penal diferente, que trazia os alunos para dentro da cadeia para realizar aulas práticas, e grupos de estudos, que ia nas rádios falar contra os preconceitos que o tema carrega.
Que com isso fundou a Biblioteca Sergio Braga, (que temos que reativar) que foi um dos melhores juizes desta comarca na década de 70 e 80, promovido a Desembargador e que infelizmente lutou com todas as forças para presenciar este evento, mas que Papai do Céu o recolheu recentemente.
Oxalá o poder judiciário deste país tivesse vários clones deste ser humano por inteiro.
Inclusive gostaria de pedir que todos nós ficássemos de pé e fizéssemos um minuto de silencio para homenageá-lo.

Queria dizer o quanto o Jornal Recomeço e sua editora carinhosamente chamada de Guegue, contribuiu com a sua disposição e garra as vezes enfrentando as humilhações dos tribunais, mas nunca desistiu, quando agente pensava que a nossa força estava toda se esvaindo, agente lia uma carta de um recuperando que nos fortalecia.
O Jornal Recomeço é um veiculo um canal de comunicação com o mundo, lembro quando em 2007, um carioca após a distribuição dos jornais nas celas me chamou e disse: Dona Beth pela primeira vez o meu nome não está publicado nas páginas policiais.
O Jornal contribui para vencer o ócio o descaso ou ausência de políticas públicas de ressocialização e encontram nas páginas do jornal um alento, entre outras (respostas) para amenizar o seu confinamento.



Durante o ano de 2006 dei aula em pé do lado de fora da cela 3, todas as tardes estávamos lá com a cela dos estudantes, que guardo com carinho os cadernos deles, lembro do Divino que apesar de todo o nosso esforço não consegui alfabetizá-lo,porque ele sempre dizia Dona Beth estou bolado hoje,eu morria de rir e pegava na sua mão (pesada e enorme, pois tem quase 2m de altura) por dentro cela e tentava sobrepor o “aeiou”. Eles improvisavam umas garrafas pet para servir de mesas e sentavam no chão.
Na semana passada ele esteve lá em casa e eu disse para ele que agora ia ter escola com carteira, quadro negro e até merenda, ele disse:
- é mas eu tô virando massa aqui fora não quero aquela vida não, estou amando.
Eu fiquei feliz com a sua resposta.



Que bom que a Sirlei da Sre Leopoldina veio somar conosco aplicando as provas do exame supletivo.
Quando o Sr. Carlos e o Daniel fizeram o oficio solicitando a parceria da SEE, e quando em Dezembro de 2010, veio a resposta de positiva enviada via e-mail pela Claudia Conte, fiz o anuncio, que foi comemorado com muita alegria pelos recuperandos, mas e agora?
E agora Daniel? E agora Sr. Moura?
Onde construir estas salas, pensamos em fazê-las na laje, mas em seguida desabou muita terra do barranco traseiro.
A solução seria desocupar o almoxarifado e transferir para uma garagem que estava sendo usada pela Policia Civil, e como demorou para que negociação nos fosse favorável, mas fizemos corrente de orações, marchamos em frente da garagem como um ato simbólico de posse durante quase dois meses, mas Deus é fiel, e sabe que a causa é nobre mudou o coração do homem.
Assim como fez em Isrrael quando o povo marchando derrubou as muralhas de Jericó, e temos muitas muralhas a serem derrubadas nesta causa, sabemos que as condições das salas de aulas não se adequam aos padrões de uma sala em uma escola convencional, entretanto convido todos vocês que tem fé para marcharmos em volta do terreno prometido lá no bairro do Limoeiro para ai sim termos condições mais dignas de trabalho de ensino e aprendizagem.
Daí uma corrida louca contra o tempo para deixar prontas as salas, e se não fosse o apoio da Sra. Vera Pires que doou as portas e janelas e o esforço descomunal do Sra Diretora Joana Darc Arruda Gonçalves Ferraz que não mediu esforços para que o sucesso deste projeto e para o brilho desta festa.
Na verdade tenho muitas e muitas histórias lindas de sucesso escolar para contar, como o primeiro lugar do curso de Meio Ambiente do Cefet Rio Pomba foi de um recuperando, a formatura de mais de dezenas no Presdio de Cataguases.
E ainda temos muitos sonhos a serem realizados como a escola na cadeia de Além Paraíba, que faz parte desta jurisdição da SEE.
Temos muitos a fazer por esta causa, mas sozinha nunca jamais teríamos alcançado tantas vitória.
Precisamos de todos vocês sempre.

segunda-feira, 14 de março de 2011

UM QUARTO DOS BRASILEIROS JÁ MUDOU DE RELIGIÃO

O Brasil é um país marcado pela migração interna, pelo êxodo campo-cidade, entre as diferentes regiões, e pelo trânsito ou migração religiosa. Pesquisa inédita do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS) mostra que 24% da população brasileira já mudaram de religião em algum momento da vida; 69,3% nunca o fizeram e 8,2% não forneceram informações a respeito.

A pesquisa sobre Mobilidade religiosa no Brasil foi apresentada pelo CERIS na 43a. Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida em Itaici, Indaiatuba, São Paulo, de 9 a 17 de agosto.

Segundo a pesquisa, a mobilidade religiosa é mais acentuada entre pessoas da faixa etária dos 46-55 anos (27%) e dos 36-45 anos (26,3%). O percentual de homens que mudaram de religião (23,9%) é ligeiramente superior ao percentual de mulheres (23,1%).

Surpreende a conclusão da pesquisa quanto ao grau de escolaridade dos "migrantes religiosos". Os que têm nível superior completo são os que mais transitaram por outras religiões (37,4%), embora o fenômeno também se verifique entre os não-alfabetizados e dentre os que possuem outros níveis de escolaridade.

Pessoas divorciadas (52,2%) ou separadas judicialmente (35,5%) apresentam grande mobilidade religiosa. "O fato dos divorciados e separados serem os que mais transitam entre as religiões pode indicar que algumas delas funcionam como espaço de acolhida em situações de crise afetiva e sentimental", analisa o texto do CERIS.

A pesquisa também separou os informantes que mudaram de religião por grupo de procedência. Assim, os que apresentam maior mobilidade (89,3% já transitaram) são aqueles que pertenciam a religiões com presença minoritária no Brasil, o grupo "outras religiões" na pesquisa. Em seguida vêm os evangélicos pentecostais (84,6% já transitaram).

Mas são os evangélicos pentecostais os que mais acolhem pessoas procedentes de outras religiões. Dentre os que declararam pertença anterior ao catolicismo, 58,9% estão hoje numa igreja pentecostal. O mesmo acontece com metade (50,7%) dos que pertenciam antes a uma igreja protestante histórica. Mesmo os que chegaram a se declarar sem religião, 33,2% deles estão, na atualidade, numa igreja pentecostal.

A pesquisa do CERIS destaca a circulação dos evangélicos pentecostais, que costumam transitar entre igrejas pentecostais e entre igrejas evangélicas históricas. O CERIS fala de mobilidade intra-evangélica.
Outro dado interessante mostra que o catolicismo também registra um movimento de ingresso. Dos que se declararam "migrantes religiosos", 26,9% que antes pertenceram a algum ramo do protestantismo histórico hoje se dizem católicos, e 18,7% que estavam numa igreja pentecostal migraram para o catolicismo. Mas são os fiéis agrupados nas "outras religiões" que mais procuraram o catolicismo (47,4%).

A pesquisa do CERIS, que ainda é parcial e estará completa no final do ano, quando deverá ser publicada em livro, também levantou as motivações que levaram pessoas a escolher esta ou aquela religião. O sentimento de bem estar e a aproximação a Deus foram os principais motivos apontados para os entrevistados que mudaram de religião.

Ficou evidente na pesquisa que cada vez mais pessoas procuram a religião para atender a necessidades de ordem subjetiva. A busca de ajuda em momentos difíceis da vida foi mencionada por 18,7% dos católicos e 30,5% dos que pertencem ao grupo de "outras religiões". A aproximação a Deus foi apontada por 20,2% dos católicos e 26% dos evangélicos pentecostais.

Outra motivação importante é a busca de uma religião como espaço ético, fato apontado por 38,1% dos católicos e 15,2% dos evangélicos históricos. Os dois grupos se destacaram por indicar como motivação para a escolha atual a busca por uma religião "séria".

O principal motivo para a troca de religião foi a discordância com a doutrina daquele segmento religioso no qual a pessoa se encontrava. Dos que abandonaram o catolicismo, 35% o fizeram por esse motivo, também válido para 13,9% dos que abandonaram igrejas pentecostais e 33,3% daqueles que vieram de outras religiões.

Um dado curioso é que dos que mudaram de religião e se abrigaram no catolicismo 33,3% afirmam que freqüentam a missa uma vez por semana, percentual superior ao daqueles que jamais deixaram o catolicismo (24,7%). Outro dado interessante é que 20% das pessoas que pertencem a igrejas protestantes históricas declararam que costumam ir à missa.

Dentre os itens que mais agradam na religião atual, católicos que já transitaram destacaram as curas e libertações (36%) em primeiro lugar. Esse mesmo item foi apontado pelos pentecostais (23%). Em segundo lugar aparece o acolhimento, apontado por 22,9% dos evangélicos históricos que já transitaram e por 10% dos pentecostais.

Os itens música e louvor são aqueles que mais agradam todos os fiéis que transitaram, na sua nova opção religiosa. Os dois itens aparecem em todos os grupos religiosos pesquisados pelo CERIS. A opção "nada desagrada" foi assinalada por 71,5% dos católicos que transitaram, 80,7% dos evangélicos históricos, 79,9% dos pentecostais, 89,4% dos que pertenciam a outras religiões.
A pesquisa tabulou 2.870 questionários, respondidos por pessoas maiores de 17 anos, em 50 municípios brasileiros, dentre eles 23 capitais. Das capitais, ficaram de fora da pesquisa, por motivos técnicos, Aracaju, Porto Velho, São Luis e Vitória.

Esta pesquisa mostra bem a cara do povo cristão Brasileiro, que gosta de louvor e de boa música,
que demonstram entre os históricos uma pacifica convivência com os demais credos religiosos, Viva a tolerância religiosa.

terça-feira, 8 de março de 2011

ORIGENS DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Origens do Dia Internacional da Mulher
A proposta de perpetuar o 8 de março como Dia Internacional da Mulher foi feita no ano de 1921, em homenagem aos acontecimentos de Petrogrado

A origem do Dia Internacional da Mulher, data significativa na luta pelos direitos das mulheres, vem sendo distorcida no Brasil e em diversos países.
Na cobertura midiática, o dia 8 de março é associado a um incêndio que teria acontecido em 1857 em Nova York e provocado a morte de 129 trabalhadoras têxteis. Elas teriam sido queimadas como punição por um protesto por melhores condições de trabalho.
É importante destacar que houve, de fato, um incêndio, só que em 25 de março de 1911 e de forma diferente da narrada pela imprensa.As chamas começaram quando um trabalhador acendeu um cigarro perto de um monte de tecidos e alastraram-se rapidamente. As portas das escadas de incêndio estavam trancadas por fora, para evitar que os funcionários saíssem mais cedo. O saldo foi de 146 vítimas fatais, 13 homens e 123 mulheres.
No edifício, funciona hoje a Faculdade de Química da Universidade de Nova York. O incêndio na Triangle S hirtwaist Company foi importante para a melhoria das condições de segurança de trabalhadores como um todo, e não apenas das mulheres, já que também havia homens entre as vítimas.
Um ano antes, em 1910, durante o 2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas em Copenhague, a alemã Clara Zetkin propôs que fosse designado um dia para a luta dos direitos das mulheres, sobretudo o direito ao voto.
Ou seja, o Dia Internacional da Mulher já existia antes do incêndio, mas era celebrado em datas variadas a cada ano.
Para compreender a escolha do 8 de março, remontamos ao dia 23 de fevereiro de 1917, 8 de março no calendário gregoriano. Naquela ocasião, as mulheres de Petrogrado, convertidas em chefes de família durante a guerra, saíram às ruas, cansadas da escassez e dos preços altos dos alimentos. No dia seguinte, eram mais de 190 mil.
Apesar da violenta repressão policial do período, os soldados não reagiram: ao co ntrário, eles se uniram às mulheres.
Aquele protesto espontâneo transformou-se no primeiro momento da Revolução de Outubro.
A proposta de perpetuar o 8 de março como Dia Internacional da Mulher foi feita em 1921, em homenagem aos acontecimentos de Petrogrado.
Mas, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, em decorrência dos interesses do poder no período, seu conteúdo emancipatório foi se esvaziando.
No fim dos anos 1960, a data foi retomada pela segunda onda do movimento feminista, ficando encoberta sua marca comunista original.
Em 1975, a ONU oficializou o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Para além da distorção dos fatos históricos, um aspecto diferencia fundamentalmente a participação das mulheres nos dois episódios.
No incêndio da Triangle Shirtwaist, a mulher é vítima da opressão dos patrões e do fogo. Já nos protestos de 1917, ocupa uma posição de protagonismo.
Encoberto, o fato deixa de mostrar a participação política das mulheres na construção de uma revolução que tem papel importante para a história mundial.

ADRIANA JACOB CARNEIRO, jornalista, é mestranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia e pesquisadora em gênero e mídia do grupo Miradas Femininas.